Pensando
em nossas construções, alicercemos agora o nosso entendimento, falemos das
mulheres, dos homens e de nossas casas que têm vontades de serem janelas só
para espiar o mundo livre de qualquer prisão social cujas grades são os gêneros.
Bem!
Dia internacional da mulher. O difícil é sabermos quais mulheres, já que são
muitas dentro de cada uma e infinitas quando suas fronteiras se mestiçam em uma
nação inteira delas e também deles. Sim, todos somos mulheres. Todos somos
homens. Falo das “mwandias”, (termo que significa “canoa” em uma das
aproximadas 25 línguas que andam vivas e bem falantes por Moçambique, na África),
essas que trafegam dia-a-dia de uma margem à outra do rio (tempo); entre um
ventre “mar-terno” à terra “mãe-terna”; entre a quentura do seio à ‘friavileza’
do mundo; entre um rio masculino à um “la mer” (mar, em francês) feminino. Pensemos,
não em um dia do homem ou da mulher, pensemos em chegarmos juntos há uma
terceira margem: a da igualdade.
Para
encerrar, ‘desacordando’ dessas meias verdades sobre o dia, comemoremos,
esqueçamos as utopias aqui deste texto. Contudo, se for possível, vamos refletindo
ao menos sobre o que dá dimensão ao feminino. Pois, como diria Simone de
Beauvoir, “ninguém nasce mulher. Torna-se mulher.” O que ultrapassa – acredito
– qualquer tipo de gênero (homem, mulher) que “desgenera” e separa o que na
verdade precisa é de construção.