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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

NINGUÉM

- Quem é?
- Ninguém.
- Como assim ninguém?
- Por enquanto ninguém.
- Mas eu ouço tua voz.
- Vai ouvindo que...
- Não abro enquanto não me disser quem é.
- Então continuo sendo ninguém.
- Está brincando comigo. Agora é que não abro mesmo!
- Bom, então adeus! 

Esperou um pouco e, curioso, abriu a porta. Não vendo nada, saiu...

- Quem está aí? 

O silêncio anunciou o nada. Ninguém estava ali. Mas uma rajada de vento, que é o sopro também do vazio, fechou a porta e o prendeu para o lado de fora. 
Desesperado, o homem anunciou o óbvio:

- Droga, fiquei trancado. Agora ninguém mais pode entrar!

E as vozes gritaram até a noite as cansar e escurecer tudo em silêncio. Assim, nenhuma alma pode habitar mais a casa. Ninguém pode entrar. Pelo menos naquela noite assombrada por tantos "ninguéns".