Os dias de hoje nos trazem
novidade, rapidez de informação e praticidade na arte da convivência. Não seria
maluco em afirmar ou negar piamente essa lógica, mas, na fuga da alienação, não
há como estar fora disso sem cometer o pecado da não existência (pelo menos no âmbito
virtual, já que praticamente todos estão por lá e, creio, só é possível existir
pelas suas vozes, ou no caso, pelos teclados). Conheço amigos que até tentaram
fugir disso. Outros, mais resistente, ainda insistem em não adentrar por
aquelas paragens “inférteis”, em suas opiniões. Contudo, temendo a falta de
trânsito humano por não pegar carona no veículo da máquina, o tempo certamente
os fará ceder quando não encontrarem mais ninguém nas ruas. Não estou
defendendo nenhum “site” de relacionamento ou a extinção de praças e locais de
encontros reais, apenas tendo ser razoável ao tratar dos espaços virtuais, uma
vez que ando passeando e existindo por alí também e cada vez mais se apagando
para os encontros que exigem um pouco mais de interação física do tipo olho no
olho.
Não sei se há coerência
neste meu trato, o que sei é que não podemos tapar os ouvidos para o “boom” que
isso se tornou, visto – no que temos observado – a força incrível quando o
assunto inclina-se a decisões de algo que, por insistências de links, acabam
por vezes no território arriscado do comum acordo. Veja, por exemplo, a
quantidade de candidatos que andam nos enviando convites nestes tempos tortos e
eleitoreiros; acompanhem as inquietações cada vez mais afuniladas para o
pessoal, dá até para saber o ânimo em que se encontra a pessoa do outro lado,
até quando ela vai fazer xixi, sabemos; e veja também o quanto os olhares se
cruzam ao manifestar pensamentos que minutos depois já são frutos de
arrependimentos. Meu medo é que as pessoas caiam nas armadilhas das repetições
emocionais de outrora, digo isso de maneira a prever uma espécie de conspiração,
pois, nos momentos em que estamos vulneráveis (e vemos muito isso) um simples digitar
consolador pode criar uma atmosfera perigosa de interesses que ultrapassam o
outro e acaba por proliferar-se. Perigosa essa interação, o que é natural quando
muitas ideias se atropelam em um mesmo lugar. Cuidado, os políticos já sabem
disso. E, hoje, o invés de beijar criancinhas pelas ruas, nos mandam links bipolares,
perpassando pelos adoráveis onde tudo são gentilezas e colorido, até críticas
contundentes à oposição (esta disposta em Maquiavel, O Príncipe. Não é uma
ideia nova!).
Enfim, acho que devo parar
por aqui para não me comprometer mais. Isso também é perigoso!
Texto publicado também no Jornal Zero Hora: http://wp.clicrbs.com.br/opiniaozh/2012/08/07/artigo-online-cultivo-humano-nos-sitios-de-relacionamentos/?topo=13,1,1,,,13
Texto publicado também no Jornal Zero Hora: http://wp.clicrbs.com.br/opiniaozh/2012/08/07/artigo-online-cultivo-humano-nos-sitios-de-relacionamentos/?topo=13,1,1,,,13