Nunca fui contra
nenhuma lonjura. Tanto que hoje, especulando alguma situação teórica acerca do
tema, decepcionei-me com as distâncias temporais e pouco práticas, pelos menos
no que diz respeito à realidade. Reparei que os tendenciosos “ismos” sempre
estavam em tudo, à frente, bem ali, tal como funciona uma boa utopia. Fique à
espreita, abri os olhos para dentro e tentei encontrar respostas nas imagens
que o dia-a-dia gerou. A teoria parecia não abastecer minhas frustrações.
Construtivismos, behaviorismos... Nada. Isso tudo só me ajudava a tornar o real
pouco palpável e perfumado. Lógico! Sei também que expondo isso posso sofrer
alguma represália de algum amante que anda distante da vida real, mas mesmo
assim, corajosamente, advirto: “não, celulares não fazem bem ao conhecimento e
nem a boa convivência escolar”.
Há quem diga que ela (a
tecnologia) pode servir de aliada às disciplinas, serviria como uma espécie de
canal, de busca e aprofundamento do que se está estudado naquele momento.
Confesso que isso é atraente. Bem bacana. Contudo, estejam certos de que as
redes sociais são imãs mais poderosos do que um artigo confiável que venha a
enriquecer alguma riqueza empobrecida pelo “tudo pode”. Culpa do professor?
Natural culpá-los, já que deixo meu filho ignorá-los em algum deserto de
quadro, livros e giz.
Ainda outro dia,
enquanto conversava com uma colega em algum desses momentos de intervalo, uma
menina nos surpreendeu com a seguinte pergunta: “Alguém tem um carregador para
me emprestar?” “Não, por quê?” “Minha mãe pode me ligar.” “Mas ela não sabe
onde você está? Poderia ligar para a escola, ninguém terá problemas em repassar
a mensagem.” Certamente que a vontade não estava em contatar a casa, ela se
abastecia pela vontade de querer saber o que a “Ágora” moderna estava
comentando sobre uma fotinho que havia tirado em sala de aula, quem sabe na
aula de matemática, talvez. (Engenharia está fora de cogitação).
Não se enganem, meus
amigos, sempre gostei muito de teoria, mas não troco a fala de um profissional
real por uma teoria laboratorial. Ninguém quer impedir que a tecnologia avance.
Somos devedores de muitos benefícios que ela nos trouxe. Porém (e sempre há um
porém) a mesma dama pode também nos servir um perigoso paradoxo: a comunicação
que não sabe se comunicar. Antiquado? Acho que a palavra seria: realista.
Se desconfia disso,
entre em uma sala de aula, alguns corpos ainda estarão por ali, mas grande
parte dos espíritos volitará em outro lugar, seres perdidos aí pelo mundo a
insuflar de pobreza algum universo virtual.