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quarta-feira, 8 de junho de 2016

EU? UM EX-FUMANTE AT...?

Ah, que bom que já estou conseguindo escrever um pouco! Sim, estive desatento e, neste meio tempo, confesso, aprendi que a falta de concentração é bastante comum quando o novo aparece para deixarem velhos aqueles hábitos que achávamos inteiramente naturais. Refiro-me à nicotina e ao seu companheirismo caro de ‘mata-corpos’. Se sinto falta? Claro que sim. Como poderia não sentir? Os sentidos todos funcionavam como radares que se apuravam ao menor som da perninha de um grilo. Mesmo assim, neste momento, sinto que já começo a me acostumar, uma vez que quase havia me esquecido, por exemplo, das cores do cheiro do café, da língua esfumaçada que nos experimenta a cada golinho de 'estalalábios'... Ai! Mas apesar disso, queria voltar a ser o número 33 (contando de trás para frente) daquele que fui. Por que 33? 33 vértebras, ora!, só que agora – se pudesse – organizaria cada uma delas um pouco mais retas, sei lá. Acho que este de mim anda demasiado torto para seguir com está. Sorte que sou teimoso, tento daqui. Mas sem vícios ou mitologias. Preciso voltar a ser livre, se não em tudo, ao menos em algumas partes deste novato que me tornei hoje.  
Confie em mim, ponha a ponta do dedo na língua, como um teste. Aponte-o para o alto e aguarde... Se nesse meio tempo a temperatura não se ajustar à umidade, então saia. Lugares muito secos atraem fogo fácil demais. Perigoso. Ficar – meu amigo –, exige adaptação e uma perda trocada por ganhos cancerígenos. Explico: se fumam, fico; fumantes não me forçam a fumar. Por outro lado, se o assunto for religião, recuso-me, pois a fumaça que me impedia de viver (mesmo de forma prazerosamente) através dos cigarros, entupiria de fumaça tudo aquilo em que acredito – o que não está incluído uma versão infantil de um amigo imaginário que mora em algum lugar por entre as nuvens.
Enfim, perdoem-me os mais moralistas. Existem dias que demoram a passar. Bons, ruins... Não importa. Quando a inquietação bate é melhor deixá-la entrar, já que vai entrar de qualquer maneira mesmo. É! Não tem jeito, esta hóspede geralmente aparece só para esticar o que seriam momentos breves e de outras preocupações despreocupadas por ocuparem de menos a cabeça da gente. Então ficamos cheios de visitas, de pensamentos que vão se engordando em mais e mais inquietações. Estou quase livre dos vícios. Mente e corpo se somam quando a saúde do pensamento não dependem mais de neblinas para funcionar. Acho que há certo equilíbrio nisso. Há certa clareza em enxergar, finalmente, através do nevoeiro. Que bom! Consigo sentir já o gosto das coisas, as cores das coisas. Sim, sou livre: ateu e ex-fumante.