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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

MÚSICA**

    No toque acabamos reconhecendo que uma pelúcia nos denuncia, não pela forma felpuda do objeto, mas pela maneira intensa de como a percebemos em toda a sua textura e delicadeza, onde constatamos que tudo isso já estava impresso em nós. Assim é com a música, ela talvez varie discreta em suas evoluções, contudo seus vapores invisíveis são vistos pelos nossos ouvidos, às vezes, como gases coloridos que se misturam a reinventar cores novas na fábrica perceptiva de cada ateliê particular. Há quem sinta o cheiro de uma sinfonia; o gosto de uma ária de ópera; a imagem de um grande coração que explode nos metais e nos tambores de um allegro; e há também os que sentem o toque áspero de um fagote rouco a acariciar seus dedos... E nessa sinestesia, vitimados pelas inquietações desse empírio musical, encontramo-nos, geralmente, a sós conosco, pois no ritmo inquirido pela vida, sempre estamos sozinhos com nossas emoções. Enfim, nesse concerto vital, indiferente de nossa consciência, sempre estaremos em estado de música, de solidão ritmada pela poiésis de todas as nove musas que cantam em uníssono a cada nota encontrada e organizada tanto dentro (no coração) quanto fora de nosso peito ressoante... 

** Hoje, após estar com a cabeça cheia devido a uma série de problemas... (vide o texto "o prazer pelo sofrimento"), fui surpreendido com um convite onde um   de meus três alunos (a Lúcia/luz) – todos músicos da Orquestra Jovem da UNISC – convidava-me para uma de suas apresentações. Fiquei deveras honrado ao perceber a preocupação de alguns de meus músicos favoritos em querer me ver e fazer questão de que eu os ouvisse durante sua execução – percebi nos olhares... 
  Um bravíssimo e infinitas reverências à Lúcia Carolina, ao Oeslei (o nome dele é assim mesmo hehehehe...) e à Malú!!! 
   Salvaram minha alma, queridos... Obrigado!!! 

11 comentários:

  1. Dilso, a música é a única arte que podemos apreciar com quase todos os nossos sentidos numa sinestesia insólita: sentimos sua vibração; vemos suas notas; temos gosto por ela e ouvimos o som melífluo fazendo com sua melopeia nosso corpo ritmar e com sua logopeia nosso intelecto dançar.
    O dito popular nos ensina:"quem canta seus males espanta". Creio que funcionou contigo.

    Quando o sábio sofre, engendra arte e externa sua sabedoria (cunhei agora, rs).

    Abraços do amigo de sempre!

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  2. Bravo Dilso!
    Belo texto tão bem orquestrado por palavras colocadas cada uma dentro do compasso correto e sem desafinar nehuma nota!
    A melodia que se ouve ao ler esse texto certamente nos remete a alegria de um compositor refeito e revitalizado pelo amor à musica! Bravo, bravíssimo!

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  3. OI!

    Ficamos muito felizes ao te ver na platéia professor, a tua presença e da sua filha foi realmente importante para nós. Muito obrigada por ter apreciado o concerto. O seu texto está afinadíssimo, muito bom mesmo!

    Abraço, Lucia Carolina

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  4. Afinado e em sintonia com a grande orquestra. Um ótimo professor como vc,sempre será visto,observado,querido,e chamado pelos seus alunos,amigos,e familiares.Vc é sensível e percebe a sensibildade nos seus.
    Boa semana pra vc e tua afamilia.
    (Enquanto lia o texto final e o comments da Lucia Carolina,vi um pequeno curta,vc sentado na plateia ao lado de sua filha,depois de resolver problemas sérios,emocionado com a apresentação no palco.Digno de uma grande produção.Como tua vida,Dilso,quem produz coisas boas,colhe finais felizes.
    Bjka

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  5. Depoimentos como o de Lucia Carolina dizem mais, muito mais do que eu queira dizer porque reafirmam a importância do encontro de vocês, a conciliação do que é realmente belo.
    um abração pra ti e pra Lucia Carolina.

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  6. Dilso, meu amigo!
    Com toda sinestesia possível, podemos afirmar, música também se vê, lá, num cantinho escondidinho que sabemos onde está!

    Abração e ótimos dias :)

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  7. Eu, que não entendo frequência como assiduidade :), volto aqui hoje, apenas para te deixar boas vibrações neste dia - e força, muita força! Lidar com ensino (sério e comprometido) neste país é tarefa árdua, mas nunca impossível.
    BOM DIA, sempre! ...e sorriso agora.

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  8. Tenho certeza, Dilso. Entendi perfeitamente desde a primeira oportunidade, estas coisas de frequência são assim. :)
    um abraço e bom dia por aí.

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  9. Dilso..poxa..que bacana ser acarinhado assim...com música. Amei seu texto.

    Olha..eu entendo perfeitamente que não dá para estarmos sempre presentes.

    Pra mim frequência em blog não é termômetro. Eu não cobro visitas e nem gosto de ser cobrada. Mas confesso que a gente sente falta dos amigos.

    Gosto que me visita porque gosto da sua pessoa e de seus sempre simpáticos comentários. Me visite sempre que quiser e puder. Te receber é um prazer. Fico honrada!

    Um bj..

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  10. Dilso,
    meu amigo! É, tens razão, descobri um defeito teu que é defeito mesmo! rsrs
    Sorte que somos "imortais"!
    Bem,...
    como tu não curtes muito futebol, mas provavelmente saiba. Sabe? Que os gremistas são chamados de "imortais"..., esse pecado tu não tens que pagar rsrs
    Ser gremista é bom demais! Não?

    Grande abraço e ótimos dias!

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  11. percecionamos o mundo de modo diferente e nem todos os sentidos são convocados para todas as ocasiões. talvez por apontar à síntese sinestésica, a música seja a arte perfeita.
    um forte abraço, dilso!
    p.s. ontem assisti a um concerto extraordinário de rodrigo leão - para mim o melhor compositor português. há pedaços de mim que se desprenderam naquela sala, tendo eu regressado com quitina renovada.

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