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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Severino da própria vida...**




O que me resta na vida:
Uma estrada repisada
Que ainda mais fica batida,
Uma vida e uma morte,
Morte e vida Severina.
Nas crinas do pensamento
No fosso a vista perdida
Onde passa o cego norte
Cujo passo são sem rastros
Na miséria rebatida
Das patas do tempo torpe,
Sobre as carroças da morte
Do inferno que nada se perde,
E também nada se ensina,
Na vida que se culmina
Nessa máscara de satura
Que no rosto fica e se enfia
Despedindo a harmonia
Que voa na intra-morte
Que perde na intra-vida
O valor que se consome
Nessas palavras vencidas.

** Ao amigo, professor e poeta Bento Sales...

8 comentários:

  1. Palavras vencidas da vida,
    que resta,
    se sobra,
    e sobra? Como?

    Dilso, querido amigo,
    ando sem muito tempo ultimamente, mas passei aqui mesmo na pressa. Voltarei com mais calma para ler e reler.

    Maravilhoso poema, amigo, e dedicatória ao Bentinho, nosso novo amigo que tenho muito respeito!
    Grande abraço!

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  2. Dilso, meu sábio e nobre amigo, fiquei muito regozijante e emocionado com sua homenagem.
    Eu me vi nas metáforas dessas redondilhas.
    Que métrica perfeita! Que melopeia melíflua!
    Que logopeia sábia!
    Essa intertextualidade me é muito honrosa.

    Não posso dizer que estou sem palavras, pois elas são tantas que querem sair de uma só vez. Se conseguisse dizer tudo que quero, ainda seria pouco para lhe agradecer por este belo gesto.
    É o melhor presente que um amigo poderá me dar, pois se fosse algo material, acabaria logo, como é ideal, é eterno como o poeta.

    Fiquei mais feliz que uma criança quando ganha uma bicicleta, mostrando para todo mundo.

    Quero lhe pedir permissão para eu guardar num arquivo pessoal.

    Muitíssimo obrigado, meu grande amigo, que Deus lhe pague e lhe conserve essa pessoa maravilhosamente humana que é.

    Um forte abraço do amigo que lhe admira sobremaneira!

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  3. Dilso,meu amigo!
    Voltei com mais calma, ao ver o comentário deixado pelo Bentinho lá no meu blog.
    Não aguentei-me de curiosidade... e voltei.

    Reli teu poema, depois o comentário dele aqui, e meu amigo, estou muito emocionada... muito..., fiquei muito emocionada com a força da Poesia, divina Poesia que escorre na veia, que só aos homens grandes é permitido Ser, neste caso: Dilso e Bento.

    Porque o estado de Poesia a todos homens é conferido, pois, se observarmos um pouco, ela existe em praticamente tudo, mas Ser Poesia é para poucos.

    Abraços aos dois.

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  4. querido amigo,
    texto soberbo sobre os percursos que encetamos naquilo que designamos de existência, algures no chão da vida, por aí, nos céus da morte. curiosamente, estou seguro de que a única coisa que não envelhece e se eterniza, como impressão digital dos nossos passos, é as palavras.. mesmo que cansadas, gastas, quase vencidas...
    um forte abraço de admiração!

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  5. Muito lindo! No meu parco conhecimento poético (muito parco, mesmo) tive a sensação de vida que vai pra frente... gostei. E a dedicatória ao Bento, muito legal!

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Sina severina deste brasileiro olhar, dos muitos ritmos e talentos, de sonhos e pungências, de verdades e silêncios, de brasil e brasis.

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  8. Belíssimo poema, Dilso.
    Se eu disser que o entendi, estarei mentindo, então direi apenas que o senti.
    Li a entrevista com o Bento; ele teve uma história de vida bem sofrida, e teve a coragem e determinação de perseverar, por isso, sua homenagem é nada menos do que legítima.
    Abraço, Dilso.

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