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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A COMÉDIA DO DINHEIRO**



  Os maiores devaneios do mundo giram sempre em torno de riquezas incalculáveis. Algo como um gênio que aparece misteriosamente de dentro de uma lâmpada para realizar, em média, três desejos dos tipos, respectivamente: financeiros; e, para variar, dois outros que sempre são um mistério, pois variam de Aladim para Aladim. O fato é que outro dia tive uma surpresa que causaria furor e inveja a qualquer banqueiro suiço, porque ao invés de uma lâmpada maravilhosa tive o próprio deus da fortuna descansando em minha casa.
  Explico: A deidade, modéstia a parte, escolheu minha filha para conduzi-lo, pois sendo já idoso e cego, optou por um ombro que fosse ideal em altura, conforme exigiam suas limitações, e inabalável a seus poderes, uma criança. A menina atraiu Pluto para fora de seu mais antigo abrigo, a biblioteca (essa nas dependências da Escola Estadual Paraguaçu e sob a regência da professora Tânia Lisboa, que optamos citar para inspirar outras), reconhecendo na adaptação do comediógrafo grego, Aristófanes (455 a. C – 375 a. C, aproximadamente), em uma versão para jovens, uma obra que ainda continua despertando curiosidade e inquietação aos nossos adultos e pequeninos leitores. O fato é que essa Comédia acabou trazendo mais fortuna para nossa casa do que poderia produzir o próprio rei Midas com seu poder de transformar em ouro tudo que tocava. Minha menina, hoje, é um pouco mais rica por reconhecer, em seu tempo e jeitinho, uma obra que explora essa metáfora tão atual e engraçada: o infortúnio em perseguir o dinheiro à custa de nossa liberdade – e isso é de fato uma comédia! –, pois, como seguidores e “visionários” auto-proclamados, tornamo-nos escravos voluntários de um velho cego de 2455 anos de idade que anda a esmo pelo mundo.
  Pobre Pluto, seu simples desejo foi o de distribuir o dom da fortuna aos homens dos quatro cantos do mundo; contudo, obviamente, isso não poderia acabar muito bem – e deveras não acabou. Irritado com a desarmonia, Zeus, de um só golpe, cegou-o com um de seus raios e fez com que nós, os ambiciosos mortais, agora tivéssemos que correr a perseguir a riqueza por toda a parte e não mais o contrário. Quem é o cego afinal? E como uma menininha com apenas onze anos – em pleno século XXI – pôde atraí-lo? 
  Enfim, hoje tenho uma filha rica, logo vai ter um castelo, vide ter emprestado seus olhos a Pluto e apr(e)endido um pouco mais sobre a vida com ele!!!
** Texto publicado em 2 de abril de 2011, mas reconduzido até aqui por conta de uma boa lembrança!!! Parabéns filhota!

10 comentários:

  1. Dilso,
    meu amigo.
    Já havia lido este texto, mas volto ainda hoje para reler.

    Quero desejar um ótimo feriado para vocês!
    Beijos.

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  2. Muito bom o texto.Lindas meninas.
    Um grande bj querido amigo.

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  3. OI!

    Realmente um bom texto.

    Afinal por que (per)seguir um velho cego (pluto) em busca de riqueza... se a maior e verdadeira riqueza está num sorriso de uma criança, no perfume de uma flor , na graciosidade das palavras que nos emocionam e em todas as pequenas coisas que alegram a vida.

    Abraço, Lucia

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  4. Belo texto Dilsão, e que lindas suas menininhas! Parabens velho!

    O velho e cégo Pluto abusa de todo mundo e a gente nem percebe nada!

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  5. O texto já havia lido, mas a nova colagem com estes rostinhos, estas poses e sorrisos ...coisa mais querida!
    Pluraliza toda alegria e riqueza, Dilso. Eu agradeço.

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  6. Dilso,
    reli o texto, como prometi acima.
    Linda as filhotas, Eduarda e Carolie (ou o oposto?)

    Dilso, gostaria de compartilhar contigo uma reflexão, fora do texto teu, desculpe, hoje, ou melhor, ontem dia 2 de novembro, dia dos Finados, justamente tivemos que ir a um enterro. Quem faleceu foi o pai de um grande amigo meu que é padrinho de minha filha.
    Dilso, como é difícil ver um amigo sofrendo. Cheguei a conclusão que, ao invés de querer que um amigo supere obstáculos, penso que gostaria, mesmo que utópico, que esses obstáculos nem existissem. Como eu desejaria um mundo fantástico onde as pessoas que se alinham com a alma da gente, a quem chamamos AMIGOS, só tivessem felicidade, não precisassem a superação. Utópico? Idealista? Mas é o que sinto.

    Desculpe o desabafo fora do propósito de teu texto.

    Ótimos dias para ti, tua esposa e princesinhas!

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  7. Dilso, a magia e a grande sabedoria dessa vida, só se pode ver mesmo pelos olhos de uma criança. Que pena que nós adultos, não observamos a vida e seu entorno com a visão de uma criança. Talvez enxergaríamos muito mais do que nossa ofuscada visão pudesse nos proporcionar. Belíssimo texto. Um grande abraço.

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  8. Oi, Dilso!
    O que nos é mais valoroso não tem preço nem valor pecuniário. Nosso pecúlio mor pretere gênio e Pluto. Sua prole é de uma beleza sem par. Tens motivos excessivos para fazer-lhe essa alegoria magnífica. És deveras um afortunado. Nossa sorte é que Pluto é justo como Têmis.

    Parabéns pela bela família e pela cognição!

    Abraços do amigo de sempre!

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  9. Dilso..são meninas são lindas..
    O texto..perfeito!!


    Obrigada pelo carinho de sempre viu?

    bj

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  10. Dilso

    Suas filhinhas são lindas
    Belíssimo texto.

    bjs

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