Sabem
aquelas vozearias que vão timidamente latejando em nossos ouvidos? Estas são as
que produzem os melhores e os piores sons já sentidos, pois, ao invés de nos confortar
com uma melodia agradável e de poucas notas, acabam por nos tirar quase toda a
tranquilidade através de zumbidos quase inaudíveis, mas que ficam na volta só
para incomodar, enlouquecer e estorvar. Espantá-las? Isso é inútil. Elas são
ligeiras demais e de tão rápidas, mesmo que se resolva fechar o livro
rapidamente para esmagá-las, voam para fora e mais tarde retornam todas
refesteladas para continuar a nos provocar com seus zum, zum, zuns. Delas, não há como escapar, uma vez que os olhos
já foram conduzidos a acompanhar todo movimento dessas moscas malvadas ao
sentarem-se sobre as palavras e fecundá-las, acabando, enfim, por proliferar o
que deveria permanecer puro e parado assim que fechássemos a obra. Não há o que
fazer. Basta apenas assistir ao parto dessas palavras grávidas
de mosquinhas incômodas que vão aos poucos saindo, enegrecendo, criando asinhas
e voando para longe, bem longe... Até que, quando nos pensamos livres, elas
retornam ainda mais gulosas por fecundar as outras inocentes que se encontravam
relaxadas e quietinhas, apenas querendo manter o sossego e a virgindade.
Amigo Dilso,
ResponderExcluirPara exterminar as moscas, somente um batráquio, porque devora centenas de uma só vez.
Como diz Raul Seixas: "Se matar uma, vem outra em seu lugar".
Apesar de todos quererem, quando têm um alvo, acertar na "mosca", elas sobrevivem e se multiplicam.
O que mais me tristeza é saber que seremos devorados por elas em seu estado larvar ("operários das ruínas").
Texto bem criativo, amigo.
Abraços.