.

sábado, 1 de junho de 2013

SANDUÍCHES DE PAPEL

Não pense você que pode aprisionar um livro. Livros são livres. Eles não te pertencem. Não há motivos para deixá-los empoeirar. Contudo, sendo um pouco realista, não podemos também jogá-los desamparados de volta ao mundo. Precisamos saber para quem confiá-los. Costumo dizer que são eles quem escolhem suas novas casas, seus novos amigos, suas novas completudes. Quando um livro é deixado à sorte, esquecido num canto, já está na hora de ir. Livros empoeirados são como almas no limbo. Almas lutando para voltar novamente a ter um corpo, uma voz, uma vida nova. Não os aprisionemos, pois se o fizermos, mundos podem nunca acontecer, assim como a verdade pode nunca ter a chance de se pluralizar.  
Há quem os use para decoração. Livros não são bons nisso. Fechados não passam de sanduiches recheados com muito papel. Mas sabem o que é mais engraçado e não menos interessante em toda essa desmedida estética na visão vazia de uma obra fechada? Só quando abertas são capazes de matar a fome de nós mesmos, de outros de nossos sentidos. Fomes de vozes que nem sabíamos que tínhamos. Fome daquela velha matéria-prima da qual se fazem os sonhos: que é a imaginação. Portanto, penso que ler é o exercício de imaginar, de treinar para o sonho, de inquietar, de reinventar e reinventar-se. Livros não servem para decorar ambientes. Livros só existem quando deixamos que nos leia, quando nos abrimos para eles, sim, muito antes de abri-los. Esquecê-los é esquecer uma parte que poderia ser sua.
Para encerrar, completo a reflexão com o pensamento do colega e amigo Professor Irineu Di Mario, logo após ter lido a primeira parte desse escrito/desabafo. Disse ele:

“Esse é um dos motivos legais de comprar em ‘sebos’, alí nos deparamos com obras que já pertenceram a outras pessoas e casas, enfim.” 

Um comentário:

  1. Livros carregam energias. Gosto da experiência da troca.
    Um grande bj

    ResponderExcluir

Divida conosco suas impressões sobre o texto!