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Os maiores devaneios do mundo giram sempre em torno de riquezas incalculáveis. Algo como um gênio que aparece misteriosamente de dentro de uma lâmpada para realizar, em média, três desejos dos tipos, respectivamente: financeiros; e, para variar, dois outros que sempre são um mistério, pois variam de Aladim para Aladim. O fato é que outro dia tive uma surpresa que causaria furor e inveja a qualquer banqueiro suiço, porque ao invés de uma lâmpada maravilhosa tive o próprio deus da fortuna descansando em minha casa.
Explico: A deidade, modéstia a parte, escolheu minha filha para conduzi-lo, pois sendo já idoso e cego, optou por um ombro que fosse ideal em altura, conforme exigiam suas limitações, e inabalável a seus poderes, uma criança. A menina atraiu Pluto para fora de seu mais antigo abrigo, a biblioteca (essa nas dependências da Escola Estadual Paraguaçu e sob a regência da professora Tânia Lisboa, que optamos citar para inspirar outras), reconhecendo na adaptação do comediógrafo grego, Aristófanes (455 a. C – 375 a. C, aproximadamente), em uma versão para jovens, uma obra que ainda continua despertando curiosidade e inquietação aos nossos adultos e pequeninos leitores. O fato é que essa Comédia acabou trazendo mais fortuna para nossa casa do que poderia produzir o próprio rei Midas com seu poder de transformar em ouro tudo que tocava. Minha menina, hoje, é um pouco mais rica por reconhecer, em seu tempo e jeitinho, uma obra que explora essa metáfora tão atual e engraçada: o infortúnio em perseguir o dinheiro à custa de nossa liberdade – e isso é de fato uma comédia! –, pois, como seguidores e “visionários” auto-proclamados, tornamo-nos escravos voluntários de um velho cego de 2455 anos de idade que anda a esmo pelo mundo.
Pobre Pluto, seu simples desejo foi o de distribuir o dom da fortuna aos homens dos quatro cantos do mundo; contudo, obviamente, isso não poderia acabar muito bem – e deveras não acabou. Irritado com a desarmonia, Zeus, de um só golpe, cegou-o com um de seus raios e fez com que nós, os ambiciosos mortais, agora tivéssemos que correr a perseguir a riqueza por toda a parte e não mais o contrário. Quem é o cego afinal? E como uma menininha com apenas onze anos – em pleno século XXI – pôde atraí-lo?
Enfim, hoje tenho uma filha rica, logo vai ter um castelo, vide ter emprestado seus olhos a Pluto e apr(e)endido um pouco mais sobre a vida com ele!!!
Enfim, hoje tenho uma filha rica, logo vai ter um castelo, vide ter emprestado seus olhos a Pluto e apr(e)endido um pouco mais sobre a vida com ele!!!

** Texto publicado em 2 de abril de 2011, mas reconduzido até aqui por conta de uma boa lembrança!!! Parabéns filhota!