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quinta-feira, 24 de abril de 2014

DOMINGO NEM SEMPRE É DOMINGO

Sempre pensei que as grandes revoluções deveriam acontecer a partir das pequenas coisas. Por exemplo: se sentimos ódio quando alguém nos explora, por que então insistimos em fazer pequenas compras aos domingos? Todos sabem, outros cidadãos trabalham nesses dias. Pessoas que são obrigadas a trocá-los por outro qualquer da semana, geralmente às segundas-feiras, período desconsiderado pelo fraco movimento comercial. Você trocaria um domingo por uma segunda? Pois é, podemos começar por aí. Uma boa forma de manifesto pacífico e silencioso seria não frequentar mais nenhum mercado nos dias em que as pessoas deveriam estar descansando, ou livres para serem pais, mães, filhos...
Saibam que qualquer empresa de fundo de quintal pratica a seguinte lógica: trabalhar aos sábados, 50%; aos domingos 100%. Ou seja, trabalhar em feriados ou domingos deveria render-lhes no mínimo dois dias de folga. Uma pena que isso não aconteça. Mas se ao ler isso tu estás indignado com o patrão de algum fulano ou beltrano que conheça, não fique, esses mesmos trabalhadores andam alí por conta sua, por conta nossa. Pela nossa incapacidade de organizar os tempos para gastá-los durante os outros seis dias da semana. Sim, somos nós os seres que escravizam essas pessoas. Na certa, claro, algum outro leitor deve estar questionando: “Mas quando eu compro estou gerando empregos!” Certamente que está. Contudo, também motiva mãos de obras baratas em prol do enriquecimento de empresas já ricas e, o pior, à custa dos espíritos de algumas mães que só vêm os filhos na escuridão de um final de domingo. Não há desculpas, meus amigos, todos são capazes de comprar em outros dias e horários. Gritar por mudança não adianta, fiquemos calados, façamos nossos protestos assim, começando pelo básico, olhando primeiro para nós mesmos e em silêncio.
Não, não quero agredir ninguém com este texto. Só fiquei pensando: “se eu não disser algo quanto a isso, ninguém perceberá essa obviedade”. “Quem cala consente”, como diz o clichê, no que acrescento: quem compra aos domingos deve começar a refletir sobre o que/quem anda a estragar o mundo. Não são os cristãos que dizem que devemos guardar os domingos e dias Santos? Pois bem, guardamos então. Guardamos em respeito aos outros que andam a servir o mesmo povo que prega a santidade e se esquece da humanidade.

Pessoal, precisamos abrir bem nossos olhos, mas abri-los para dentro. Fica a dica!   

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