Em algum momento da juventude, tive a
impressão de que o professor fosse um caminho a ser seguido e uma espécie de ser
mágico a iluminar alguma escuridão nossa. Não, não os comparava a nenhum ilusionista
que faz aparecer coelhos ou pombos de suas cartolas. Aos meus olhos/ouvidos, a
magia toda brotava de suas falas, de seus livros, de seus espíritos encantados
e sérios (bom, pelo menos eles sempre encantaram a mim!).
É, meus amigos, mas o tempo passou, por
paixão, tornei-me um desses que deveria também ser sentido como um dos magos
que mencionei. Contudo, o encantamento desencantou e transformou o professor em
um sapo social verruguento. Isso é tão verdade que hoje, ser ou não ser
professor entrou no território sombrio do “tanto faz”. Não há nada neles que
atraia a nenhum jovem, uma vez que qualquer um pode dizer (desmedidamente) o
que quiser a eles, pois sabemos que não pode haver recíproca a qualquer
agressão, deve-se engolir. “Ora, onde já se viu um professor baixar o nível!?”
Ouvir pode, claro! Percebam que os direitos devoraram os deveres e o modismo
violentou o mundo inteiro. Notem: não é raro observarmos agressões
direcionadas aos ‘mestres’ – eis as atitudes da moda, da hora, como dizem. Nesse
pensamento e pelos reincidentes, ando concluindo até que alguns pais gostam de
ouvir as aventuras de seus filhos agressores. Mas isso é apenas uma impressão
pessoal, impressão que pode ou não ser considerada, depende que quem lê.
Contudo, não pense o leitor que eximo
meus deveres enquanto professor. Tenho, inclusive, a ciência dos desafios a
enfrentar, dos caminhos a percorrer e (por que não dizer?) dos olhares que
preciso desdobrar para perceber as demais cores. Claro, preciso também admitir
minhas reformas, que sou uma construção constante de mim mesmo, tanto pessoal
quanto profissionalmente. Nunca deixei de pensar nisso! Só não me peçam para
não sofrer quando fico sabendo de algum colega, seja de longe, seja de perto, que
foi ou anda a ser agredido por algum sujeito estragado por pais que não usam
direito seus chinelos. Não pensem que não somos preparados. Sim, somos, mas
para sermos profissionais, profissionais que nada têm a ver com babás ou ‘cuidadores’
do gênero.
Enfim, concluo com o mesmo desejo que insisto em
cobrar de mim: o repensar as mentalidades trazidas de casa e de si mesmo enquanto cidadão. Se não for assim, penso não haver nenhuma saída, pois enquanto a educação
for jogada para dentro dos muros da escola, temo sinceramente não encontrar
mais motivo para haver uma. Sem isso, desculpem, não prevejo sol que possa
clarear nenhum amanhã. O que somos? O que seremos? Não sei. Não me restou mais
nada além de ficar shakespeareando por aqui.
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