
Por outro lado – enquanto
pai –, tenho medo de estar cometendo pecado ao tentar formar filhas que
carregam a educação, a palavra e a inquietação intelectual como pauta a ser
seguida pelas teclas de algum piano velho. Se o mundo não mudar, elas serão
devoradas por uma plateia surda e cuja cultura é a da esperteza em repassar
suas culpas para outros afinadores. Espero não estar preparando comida para
Quimeras famintas. O que me faz lembrar um fragmento de uma das crônicas de
Nelson Rodrigues: "Durante 40 mil anos, o pateta sabia-se pateta e como
tal se comportava. Os melhores pensavam por ele, sentiam por ele, decidiam por
ele. Mas em nosso tempo, e só em nosso tempo, os idiotas descobrem que estão em
maior número. E, então, investidos da onipotência numérica, querem derrubar
tudo. Diz o bom dr. Alceu que o grande acontecimento do século XX foi a
Revolução Russa. Errou. Houve e continua uma outra muito maior, sim, muito mais
profunda: – a Revolução dos Idiotas."
Infelizmente a citação
é atualíssima, lamento muito, pois sou de um tempo em que passar de ano era
sinônimo de trabalho e dedicação. Tempo em que (se reprovássemos) nossos pais cobravam de nós, não do professor. Passar ou não passar? Passarão? Passarinho?
Bom, o que sei é que o gato sempre espera pelo jantar, assim como os bons
ouvidos gostam de esperar uma sinfonia bonita. Exatamente como a Nona, elaborada
a partir de um poema de Schiller e mestiçada à música de Beethoven. O que
aconteceu nessa mistura? A ode à alegria, meus amigos!
Putz! Acho que estou
ficando velho. Devia aceitar que a culpa é só do maestro, mais fácil. O que
acham disso? A boca do gato, ou a Ode à alegria? Canta passarinho.
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