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sábado, 10 de setembro de 2016

CITAÇÕES, POEMAS E 'FACEIRAÇÕES' COLETADAS DE MINHAS LEITURAS (Momento 3)

"Sou bem-nascido. Menino,
Fui, como os demais, feliz.
Depois, veio o mau destino
E fez de mim o que quis."
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(BANDEIRA, Manuel. Epígrafe (fragmento). In:___. Bandeira de bolso: uma antologia poética. Porto Alegre: L&PM, 2008, p. 25).

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"Existir é renegar. O que sou hoje, vivendo hoje, senão a renegação do que fui ontem, de quem fui ontem? Existir é desmentir-se. Não há nada mais simbólico na vida do que aquelas notícias dos jornais que desmentem hoje o que o próprio jornal disse ontem."

(PESSOA, Fernando. A quintessência do desassossego: seleção de pensamentos do Livro do Desassossego. FRANCHINI. A.S; SEGANFREDO, Carmen. (Org.). 2. ed. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2009, p. 54).
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"Benditos os que não confiam a vida a ninguém."

(PESSOA, Fernando. A quintessência do desassossego: seleção de pensamentos do Livro do Desassossego. FRANCHINI. A.S; SEGANFREDO, Carmen. (Org.). 2. ed. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2009, p. 23).
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"parar de escrever                      
bilhetes de felicitações
como se eu fosse camões
e as ilíadas dos meus dias
fossem lusíadas,
rosas, vieiras, sermões"

(LEMINSKI, Paulo. Caprichos & relaxos. In:___. Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 41).
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"As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas."
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(PESSOA, Fernando. Poemas de Álvaro de Campos: obra poética IV. TUTIKIAN, Jane. (Org.). Porto Alegre: L&PM, 2011, p. 267 (fragmento)).
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"Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que eu nunca vi."

(ANDRADE, Oswald de. 3 de maio. In:___. Pau Brasil. 2. ed. São Paulo: Globo, 2003, p. 141).
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"ROÇA
No mesmo prato
o menino, o cachorro e o gato.
Come a infância do mundo."

(PRADO, Adélia. Poesia reunida. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2016, p. 113).
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PRONOMINAIS

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

(ANDRADE, Oswald de. Pau Brasil. 2. ed. São Paulo: Globo, 2003, p. 167).
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"Na minha infância acreditava ser gato. Eu não pensava; eu era um gato. Para testemunho deste delito de identidade, meus pais guardam provas documentais: fotos minhas comendo e dormindo entre os bichos."

(COUTO, Mia. Luso-afonias - A lusofonia entre viagens e crimes. In:___. E se Obama fosse africano?: e outras interinvenções. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 184).
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"Amo as expressões porque não sei nada do que exprimem. Sou como o mestre de Santa Maria: contento-me com o que me é dado. Vejo, e já é muito. Quem é capaz de entender?"

(PESSOA, Fernando. A quintessência do desassossego: seleção de pensamentos do Livro do Desassossego. FRANCHINI. A.S; SEGANFREDO, Carmen. (Org.). 2. ed. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2009, p. 55).
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"Mais ou menos por essa época, estabeleceu-se que, quando um porco e outro animal se encontrassem numa trilha, o outro animal cederia a passagem."

(ORWELL, George. A revolução dos bichos. Trad. Heitor Ferreira. Porto Alegre: RBS, 2004, p. 78).
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"De certa maneira, era como se a granja se houvesse tornado rica sem que nenhum animal tivesse enriquecido - exceto, é claro, os porcos e os cachorros."

(ORWELL, George. A revolução dos bichos. Trad. Heitor Ferreira. Porto Alegre: RBS, 2004, p. 88).
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"TODOS OS ANIMAIS SÃO IGUAIS, MAS ALGUNS ANIMAIS SÃO MAIS IGUAIS QUE OS OUTROS."

(ORWELL, George. A revolução dos bichos. Trad. Heitor Ferreira. Porto Alegre: RBS, 2004, p. 92).
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"Do silêncio nasce a palavra.
Ali tens teu ninho. Se não voas
até ela, como a alimentarás?"

(TREVISAN, Armindo. Poemas silesianos. In:___. Antologia poética. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1998, p. 126).
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"É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo."

(LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1997, p. 16).
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"[...] viver não é coragem, saber que se vive é a coragem."

(LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1997, p. 28).
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"Quem vê pouco, vê sempre menos; quem ouve mal, ouve sempre algo mais."

(NIETZSCHE, F. Humano, demasiado humano. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 246).
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"[...] a eternidade é o estado das coisas neste momento."

(LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 18).
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"Toda a aproximação é um conflito."

(PESSOA, Fernando. A quintessência do desassossego: seleção de pensamentos do Livro do Desassossego. FRANCHINI. A.S; SEGANFREDO, Carmen. (Org.). 2. ed. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2009, p. 18).
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"O cu da formiga é mais importante que uma usina nuclear."

(BARROS, Manoel de. In: ALVES, Rubem. Ostra feliz não faz pérolas. 2. ed. São Paulo: Planeta, 2014, p. 47).
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"Quando te vi amei-te já muito antes. Tornei a encontrar-te quando te achei."

(PESSOA, Fernando. In: ALVES, Rubem. Ostra feliz não faz pérolas. 2. ed. São Paulo: Planeta, 2014, p. 91).
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"O que me surpreendia é que era uma espécie de ódio isento, o pior ódio: o indiferente. Não um ódio que me individualizasse mas apenas a falta de misericórdia. Não, nem ao menos ódio."

(LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1997, p. 44).
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"Tudo que não invento é falso."

(BARROS, Manoel de. O livro sobre nada. In:___. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010, p. 345).
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"Aonde eu não estou as palavras me acham."

(BARROS, Manoel de. O livro sobre nada. In:___. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010, p. 347).
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"Do lugar de onde estou já fui embora."

(BARROS, Manoel de. O livro sobre nada. In:___. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010, p. 348).
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"Não ser é outro ser."

(PESSOA, Fernando. In: BARROS, Manoel de. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010, p. 357).
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"Perder-se é um achar-se perigoso."

(LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1997, p. 106).
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"O homem, em qualquer estado que esteja, é certo que foi pó, e há de ser pó. Foi pó, e há de tornar a ser pó? Logo é pó. Porque tudo o que vive nesta vida, não é o que é: é o que há de ser. Ora vede."

(VIEIRA, Padre Antônio. Sermões de quarta-feira de cinza. In:___. Sermão I. Erechim: EDELBRA, 1998, p. 57).
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"Quem não sabe povoar sua solidão, tampouco sabe estar só em meio a uma massa atarefada."

(BAUDELAIRE, Charles. Pequenos poemas em prosa: o spleen de Paris. Trad. Dorothée de Bruchard. São Paulo: Hedra, 2007, p. 69).
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"Não quero! Dêem-me a liberdade!
Quero ser igual a mim mesmo."
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(PESSOA, Fernando. Obra poética IV: poemas de Álvaro de Campos. TUTIKIAN, Jane. (Org.). Porto Alegre: L&PM, 2011, p. 215 (Fragmento)).
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"E é. As coisas vibram. Tudo vibra. O mundo inteiro vibra. Sinto as vibrações, transformo em imagens e vejo."

(SCHAEFER, Sérgio. Rosas do Brasil. 2. ed. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2006, p. 203).
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"Ademais, são tão simples os homens e tão simplesmente eles conformam-se às exigências do seu presente, que aquele que sabe enganar encontra sempre um outro que, justamente, se deixa enganar."

(MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Trad. Antonio Caruccio-Caporale. Porto Alegre: L&PM, 2007, p. 85).
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"Assim, devemos saber que existem dois modos de combater: um, com as leis; o outro, com a força. O primeiro modo é o próprio do homem; o segundo, dos animais. Porém, como o primeiro muitas vezes mostra-se insuficiente, impõe-se um recurso ao segundo."

(MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Trad. Antonio Caruccio-Caporale. Porto Alegre: L&PM, 2007, p. 84).
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"Sertão. Sabe o senhor: sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar. Viver é muito perigoso...".

(ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo: Círculo do Livro, 1984, p. 21).
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"Tempos escurecidos. O que meus olhos não estão vendo hoje, pode ser o que vou ter de sofrer no dia depois-d'amanhã."

(ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo: Círculo do Livro, 1984, p. 396).
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"Riobaldo, a colheita é comum, mas o capinar é sozinho...".

(ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo: Círculo do Livro, 1984, p. 46).
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"Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa. O senhor concedendo, eu digo: para pensar longe, sou cão mestre – o senhor solte em minha frente uma ideia ligeira, e eu rastreio essa por fundo de todos os matos, amém!"

(ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo: Círculo do Livro, 1984, p. 13).
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"Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior."

(ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo: Círculo do Livro, 1984, p. 19).
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"Mas a água só é limpa é nas cabeceiras. O mal ou o bem, estão é em quem faz; não é no efeito que dão."

(ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo: Círculo do Livro, 1984, p. 75).
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"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."

(ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo: Círculo do Livro, 1984, p. 244).
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"Ele trazia os joelhos de encontro ao peito para se aquecer, pensava na mãe, que as mães não deviam morrer tão cedo, na falta delas todo mundo parecia mais solito, espremido no seu cada qual como rato em guampa."

(FARACO, Sergio. In: SANTOS, Dilso J. dos. Desassossegados. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2016, p. 79-80).
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"Um jovem Campolargo de maneiras civilizadas chegou a publicar no jornal da terra um poema de sua autoria. (O velho Vacariano leu-o em voz alta e comentou, seco e certo: "Esse menino é fresco".)"

(VERISSIMO, Erico. Incidente em Antares. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 45).
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"Com raras exceções, finda a minguada lua-de-mel, a mulher ficava em casa a engordar, a ter filhos e a cuidar (ou não) deles, ao passo que o marido passava boa parte da noite no Clube Comercial, jogando pôquer, ou na casa da amante, com a qual, continuando uma tradição centenária, também tinha filhos, que não reconhecia legalmente."

(VERISSIMO, Erico. Incidente em Antares. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 45-46).
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"Quando os fins são bons, às vezes temos de fechar os olhos à natureza dos meios. Foi essa a única maneira que encontrei para juntar numa mesma sala dois antigos adversários pessoais e políticos."

(VERISSIMO, Erico. Incidente em Antares. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 48).
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"[...] os gatos 'devagarinham' cada eternidade, freiam o que seriam 'daqui-a-poucos'. Não, eles não gostam de dar de comer a nenhum depois. 'Agorar' futuro é tolice de gente."

(SANTOS, Dilso J. dos. Gato, café e literatura. In:___. Desassossegados. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2016, p. 93-94).
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"Para conseguir o que quer, Tibé, essa gente é capaz de tudo, até de usar meios decentes e legais."

(VERISSIMO, Erico. Incidente em Antares. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 57).
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"– Racista, eu? Ora, não sejas bobo. Sabes como trato a minha negrada. Eles me adoram. Mamei nos peitos duma negramina. Me criei no meio de moleques pretos retintos. Quando leio esses casos de ódio racial nos Estados Unidos, comento a coisa com a Lanja e lhe digo que no Brasil a gente, graças a Deus, não tem esses problemas, pois aqui o negro conhece o seu lugar."

(VERISSIMO, Erico. Incidente em Antares. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 59).
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"Quando se referia a alguma pessoa incorrigivelmente sonhadora, destituída de senso comum, costumava dizer: 'É um poeta!'. Estava já convencido de que os escritores em sua maioria inclinavam-se politicamente para a esquerda, sendo portanto 'uns chatos'."

(VERISSIMO, Erico. Incidente em Antares. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 63).
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"Cada palavra é uma borboleta morta espetada na página:
Por isso a palavra escrita é sempre triste..."

(QUINTANA, Mario. Tristeza de Escrever. In:___. "Poesia completa". CARVALHAL, Tania Franco (Org.). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005, p. 455).
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"[...] todo o silêncio é música em estado de gravidez."

(COUTO, Mia. "Antes de nascer o mundo". São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 13).
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"O diabo sabe muito mais por velho do que por diabo."

(VERISSIMO, Erico. Incidente em Antares. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 123).
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"'O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui?'
'Isso depende muito de para onde você quer ir', respondeu o Gato.
'Não me importo muito para onde...', retrucou Alice.
'Então não importa o caminho que você escolha', disse o Gato."

(CARROLL, Lewis. Alice no País das Maravilhas. Trad. Clélia Regina Ramos. São Paulo: Universo dos Livros, 2014, p. 51).
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A BEM-AMADA NA PRAIA

Sua bundinha
Deixou na areia
A forma exata
De um coração...

(QUINTANA, Mario. Poesia completa. CARVALHAL, Tania Franco (Org.). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005, p. 692).
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O GATO

O gato chegou à porta do quarto onde escrevo.
Entrepara... hesita... avança...

Fita-me.
Fitamo-nos.
Olhos nos olhos...
Quase com terror!

Como duas criaturas incomunicáveis e solitárias
Que fossem feitas cada um por um Deus diferente.

(QUINTANA, Mario. Poesia completa. CARVALHAL, Tania Franco (Org.). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005, p. 761-62).
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"Se um poeta consegue explicar o que quis dizer com um poema, o poema não presta."

(QUINTANA, Mario. Exegese. In:___. Poesia completa. CARVALHAL, Tania Franco (Org.). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005, p. 824).
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""O Rio Grande do Sul é o estado mais reacionário do Brasil, e Ribeira a cidade mais reacionária do Rio Grande do Sul". Tornamos a perguntar: "Refere-se só ao reacionarismo político?". E o rapaz: "Não. Reacionarismo em tudo. Veneramos morbidamente um passado e uma tradição já mortos, se é que de fato um dia existiram mesmo, e somos incapazes de sair dos trilhos da rotina e erguer a cara para o sol do futuro". Um outro declara: "Ainda se cultua entre nós o machismo como se mantivéssemos no Brasil o monopólio da coragem e da virilidade"."

(VERISSIMO, Erico. Incidente em Antares. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 151-52).
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"Não se lembrava quando fora a última vez que estava sozinha consigo mesma. Talvez nunca. Sempre era ela – com outros, e nesses outros ela se refletia e os outros refletiam-se nela."

(LISPECTOR, Clarice. A bela e a fera. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p. 99).
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"Pôs-se então a olhar para dentro de si e realmente começaram a acontecer. Só que tinha os pensamentos mais tolos. Assim: esse mendigo sabe inglês? Esse mendigo já comeu caviar, bebendo champanhe? Eram pensamentos tolos porque claramente sabia que o mendigo não sabia inglês, nem experimentara caviar e champanhe. Mas não pôde se impedir de ver nascer em si mais um pensamento absurdo: ele já fez esportes de inverno na Suíça?
Desesperou-se então. Desesperou-se tanto que lhe veio o pensamento feito de duas palavras apenas: "Justiça Social.""

(LISPECTOR, Clarice. A bela e a fera. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p. 103).
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"– Como é que eu nunca descobri que sou também uma mendiga? Nunca pedi esmola mas mendigo o amor de meu marido que tem duas amantes, mendigo pelo amor de Deus que me achem bonita, alegre e aceitável, e minha roupa de alma está maltrapilha..."

(LISPECTOR, Clarice. A bela e a fera. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p. 108).
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"Olhe, homem, eu também sou uma pobre coitada, a única diferença é que sou rica."

(LISPECTOR, Clarice. A bela e a fera. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p. 108).
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“Fé sem flexibilidade, fé sem dúvida pode acabar em fanatismo.”

(VERISSIMO, Erico. Incidente em Antares. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 197).

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