E
de repente uma angústia. Sufoco que se traduz em apertos no peito. O coração –
coitado! – se esmaga por não ter para onde fugir. Fica entre a estreiteza de um
suspiro e a inconsequência daquele par de olhos perdidos do corpo. Não é para
agradar, ela (a Angústia) vem e se instala em nós, não pede licença, transita
livremente por aquela estrada estreita e de pouca iluminação. A dama “dessabe”
que não anda em rua alguma. Está em um labirinto. Está no inconsciente. É uma
cega. Neste caso, os outros são só outros quando as preocupações estão em nós.
O inchaço é imperceptível nas “intrairrogações” dos peitos alheios. Impossível
ver. Só sentir. Queria que os olhos todos funcionassem, também, de fora para
dentro, então tudo ficaria mais claro e as pequenas morte seriam apenas ensaios
da vida (coisa natural).
Às
vezes também acho que Melancolia é o nome de minha asa esquerda, essa que não
cadencia com a direita, a que me impede de voar. Por isso, com as penas boas,
escrevo um céu aqui no chão. Desabilito o que é “autoajudável” e perco o fio da
razoável Ariadne. Nunca entre em nenhum labirinto sem esse fio, pois se
entrares morrerá de fome tentando encontrar o caminho, ou será morto pelo próprio
Minotauro que criou. Sim, os monstros são fruto do sexo que fazemos com o
mundo. E não, não somos capazes de vencê-los, é preciso saber conviver com
eles: são nossos filhos.
Quanto
a Angustia. Ela não é cria nossa, sua mãe é a Noite. Esse cantinho escuro onde
entulhamos nossos pensamentos. Sem ordem certa, pegamos um de cada vez e vamos
organizando e separando conforme dá. Ela é uma coberta que descobre as
hipocrisias do dia. Nela, só a música permanece incorruptível. Só ela nos faz
amortecer o impacto de que temos o "dever" de levar uma surra e ainda
ter que sorrir para todos.
Noite,
Dona Noite, já fui tantos dentro de seu ventre que até perdi as contas, todos
fomos, tanto os de mim quanto os que habitam em ti. O problema é saber lidar
com tamanha multidão, pois só o tolo vê apenas uma pessoa, os que sabem (ou
tentam) se ler, assustam-se por ter a consciência de que faltam olhos para
tanta gente que mora por detrás de cada sorriso. Se há muitas verdades – ora
bolas! –, também existem muitas maneiras de sorrir e de se angustiar. Até mesmo a tristeza sorri para alguma coisa,
mesmo não sendo nítido para a cegueira de nossa visão.
Enfim,
defendo-me, dormir é morfinar-se. É deixar que Morfeu sinta por ti e cuide do
teu fardo enquanto morres por umas horas.
Os
pensamentos pesam tanto!!!
Vou
dormir.
Escrever
só me engorda.
Boa
noite!
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