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domingo, 22 de março de 2015

O TERROR DE UM BEIJO


Outro dia, enquanto passeava os dedos pela linha do tempo do Facebook, acabei cavando um buraco tão fundo que quase não consegui retornar – nem eu sabia que tinha unhas tão fortes. Tratava-se de algumas vozes indignadas, mais do que isso, horrorizadas por conta de um beijo dado na estreia de uma novela das oito. As falas transitavam entre “velhas malditas”, até o cúmulo do “vão para o inferno, deviam estar em uma cadeira de rodas, como vou explicar isso para meus filhos?” Para a primeira observação, posso garantir, são excelentes atrizes, a Fernanda Montenegro, inclusive, recitando Simone de Beauvoir (uma revolucionária escritora) é “bendita”, velha sim, é idosa, portanto sábia e cheia de vozes que usa para nos encantar. Quanto à segunda parte, não, não acho que deveriam ir para o inferno ou vegetar em uma cadeira de rodas, elas precisam fazer Arte, sua missão é nos inquietar com a beleza que só elas podem produzir, precisam andar, ainda existe muita estrada. Sorte terão nossos filhos se elas tiverem força para continuar nos palcos a nos provocar algumas catarses.
Acho impressionante quando um homem passa a agredir outra pessoa por conta de verdades tão primitivas e medievais. Contudo, claro, o barbarismo sempre é mais fácil de ler, a História está cheia disso. Sei que para reafirmar minha “macheza” e moral judaico-cristã (vontade de poder ocidental), preciso negar o outro, repreendê-lo, humilhá-lo, assim todos saberão que eu não sou como ele. Não, meus amigos, estão indignados com as coisas erradas! Guerra, miséria, fome, isso sim são elementos tristes e que merecem a nossa força e atitude máxima para sanar, mas condições sexuais? Tenham dó. (notem que não uso a palavra “orientação”, pois não se orienta o que é natural. Não somos orientados a beber água, temos sede e bebemos, é uma condição para estarmos vivos, simples assim).
 Vejam bem, pode ser cristão, budista, espírita, ateu, só não pode ser chato nas críticas por conta de um beijo, seja homo, seja heterossexual (beijo é beijo). Beijar não é ruim. Ruim é ocupar a bancada do plenário e querer que voltemos diretinho para a escuridão da Idade Média. Política partidária é uma coisa; política religiosa é outra. Isso já deveria estar bem claro em um país dito laico. Enfim, posso até estar enganado, mas duvido que o amor ofenda a algum deus.

Cuidemos com o que estamos passando para nossos filhos. Terrorismo não parece ser uma boa ideia, pelo menos não no século 21. Retroceder nunca! 

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