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sábado, 10 de outubro de 2015

OS PROFESSORES E EU

Dedicado demais. Será que tem vida? Amado por uns; odiado por outros. Dá vários sermões; recita poemas. Vive torrando o saco da gente para que escrevamos, não acho importante. O que isso vai acrescentar em minha vida? Como ele é chato! Ainda insiste que eu leia. Ah, tenho mais o que fazer! Queria mesmo que morresse logo; por outro lado, não. Às vezes até gosto do dito cujo, não vou negar; no mais, o detesto. Coitado, acha que é meu pai. Quem ele pensa que é? (...)
Bah! Fica quieto aí no fundo, pô! O professor quer falar!     
Gostamos de todos, ninguém nos escapa. Um dia vivemos, em outros nos matam. Ousamos discursos, melhor não ter dito. Quanto ao ler e escrever, sim é importante, mas não é exigência nossa, a vida é que exige. Quem não lê neste mundo (ouçam bem, meus amigos!), se perde dos outros, se aparta consigo. O mundo é que é duro. Não somos bandidos, pois o tempo que temos – mesmo sem estarmos juntos –, estamos sempre pensando contigo, elaborando aulas pra ti.
Não sei se é bem assim. Deve ter algo que não te agrade em mim. Porém, te aconselho: me deixa de lado, não me enche o saco, professorzinho querido. E para de olhar. O celular é meu. Se quer me xingar, invento que me bateu. Pensa que eu não sei? Tenho mais direitos que tu. Quem mandou ser professor, agora aguenta o tranco! Acha que eu tenho medo de ti? Putz! Melhor é se cuidar.  
Medo?! Entendeu errado, criança! Nós é que temos medo. Perder algum de vocês está fora de cogitação. Se se perdem um dos nossos, nós é que reprovamos, não passamos direito a lição. As coisas não estão fáceis, disso sabemos bem. Mesmo assim queremos que entenda: não encontrando brasa na lenha, nosso sopro é que se perde e nenhum fogo vira fogueira. A realidade está difícil pra ti? De nosso lado, pode apostar, o buraco é mais embaixo.
Entendo, já sou grandinho. No fundo sei que desejam o meu bem. Mas por que não me deixam quieto, na minha? Eu não quero ser como vocês.
Ninguém é igual a ninguém. Nenhuma repetição acontece. Tudo o que ocorre neste mundo, o tempo traga e a sociedade esquece. Daí a importância do que fazemos: dar condições de vozes ao que tanto insiste em pregar. Se conosco está difícil. Sem nossas aulas, saiba que a coisa ainda é pior.
Amigos?
Tá bom, amigos!

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