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sábado, 24 de outubro de 2015

STAR WARS VII: O DESPERTAR DA FORÇA (DO PRECONCEITO)

Nunca pensei que um personagem pudesse gerar tanta polêmica. Depois da divulgação do trailer oficial responsável pela continuidade da saga (Star Wars VII, o despertar da força), contrário às expectativas, o filme sofreu ameaças de boicote. Algumas centenas de fãs, descontentes por se depararem com um protagonista negro, ameaçaram, na estreia, não comparecerem aos cinemas. A acusação, para o constrangimento de espectadores pouco mais inteligentes, se baseou em vigarices intelectuais dos tipos: pregação do “marxismo cultural”, do “genocídio branco”... Genocídio branco?
Amigos! Atentem a isso, não estamos mais nos anos 70 e 80. Naquele tempo – se prestarem atenção – não havia tanto espaço para grandes astros de cor, incluindo os filmes anteriores desta mesma obra. Sim, nos outros episódios eles ocupavam segundos planos nas histórias, época de transição, me parece. Contudo, hoje, não cabe mais tanto desrespeito. Bom, nunca coube. O que sei é que “a credibilidade branca” era sim o Império, a força que movia nossos “querer-ser” inconscientes – pelo visto ainda bem fortes. Reparem no Jesus europeizado pintado por da Vinci, por exemplo. Política, meus amigos. Política! “Mas isso faz uns quinhentos anos”, alguém dirá. Aí é que está.
Pois então, as redes sociais acabaram trazendo à tona (‘viralizando’) esta discussão que muitos já entendiam como encerrada ou, na pior das hipóteses, em reconstrução. Por outro lado, lógico, certas elites inventaram engodos bem eficazes para contornar isso. No que concordo com o antropólogo Roberto DaMatta quando nos informa que em nossos dias “o preconceito velado é uma forma muito mais eficiente de discriminar”. Não há mais problemas, desde que “essas pessoas ‘saibam’ e fiquem no seu lugar.” Entenderam os ‘pensamentinhos’ de alguns desses ‘fãs-alienautas’? A coisa anda mesmo solta. Apesar disso, pensando melhor, até é bom, assim podemos observar e identificar os “por-baixo-dos-véus” da imbecilidade.  
Observo – confesso – que o ‘ser-branco’, pelo menos aqui em nossa região, também faz parte do currículo para protagonistas, como se não houvesse credibilidade em figuras mestiças ou negras. Por conta disso, rogo por um tempo onde bastará apenas ‘ser’. Neste momento o leitor deve estar se perguntando: “Mas como ele sabe de tudo disso?” Ah, meus caros, sou mestiço, sinto na pele! Meus diplomas não valem tanto por estas bandas. Lugar obscuro onde a primeira impressão (empobrecidas por fatores históricos de colonização e preconceito racial) ainda são medidas de competência.
Por fim, desejo que este tipo de força retrógrada não esteja com você! Feio isso.

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