Nunca pensei que um
personagem pudesse gerar tanta polêmica. Depois da divulgação do trailer
oficial responsável pela continuidade da saga (Star Wars VII, o despertar da força), contrário às expectativas, o
filme sofreu ameaças de boicote. Algumas centenas de fãs, descontentes por se
depararem com um protagonista negro, ameaçaram, na estreia, não comparecerem
aos cinemas. A acusação, para o constrangimento de espectadores pouco mais
inteligentes, se baseou em vigarices intelectuais dos tipos: pregação do “marxismo
cultural”, do “genocídio branco”... Genocídio branco?
Amigos! Atentem a isso,
não estamos mais nos anos 70 e 80. Naquele tempo – se prestarem atenção – não
havia tanto espaço para grandes astros de cor, incluindo os filmes anteriores
desta mesma obra. Sim, nos outros episódios eles ocupavam segundos planos nas
histórias, época de transição, me parece. Contudo, hoje, não cabe mais tanto
desrespeito. Bom, nunca coube. O que sei é que “a credibilidade branca” era sim
o Império, a força que movia nossos “querer-ser” inconscientes – pelo visto ainda
bem fortes. Reparem no Jesus europeizado pintado por da Vinci, por exemplo. Política,
meus amigos. Política! “Mas isso faz uns quinhentos anos”, alguém dirá. Aí é que
está.
Pois então, as redes
sociais acabaram trazendo à tona (‘viralizando’) esta discussão que muitos já
entendiam como encerrada ou, na pior das hipóteses, em reconstrução. Por outro
lado, lógico, certas elites inventaram engodos bem eficazes para contornar
isso. No que concordo com o antropólogo Roberto DaMatta quando nos informa que
em nossos dias “o preconceito velado é uma forma muito mais eficiente de
discriminar”. Não há mais problemas, desde que “essas pessoas ‘saibam’ e fiquem
no seu lugar.” Entenderam os ‘pensamentinhos’ de alguns desses ‘fãs-alienautas’?
A coisa anda mesmo solta. Apesar disso, pensando melhor, até é bom, assim
podemos observar e identificar os “por-baixo-dos-véus” da imbecilidade.
Observo – confesso –
que o ‘ser-branco’, pelo menos aqui em nossa região, também faz parte do
currículo para protagonistas, como se não houvesse credibilidade em figuras
mestiças ou negras. Por conta disso, rogo por um tempo onde bastará apenas ‘ser’.
Neste momento o leitor deve estar se perguntando: “Mas como ele sabe de tudo
disso?” Ah, meus caros, sou mestiço, sinto na pele! Meus diplomas não valem
tanto por estas bandas. Lugar obscuro onde a primeira impressão (empobrecidas
por fatores históricos de colonização e preconceito racial) ainda são medidas
de competência.
Por fim, desejo que
este tipo de força retrógrada não esteja com você! Feio isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Divida conosco suas impressões sobre o texto!