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terça-feira, 29 de março de 2016

SOBRE O QUICO E A BOLA QUADRADA QUE NÃO QUICA...

Olá! Neste momento eu deveria estar descansando. Sim, às vezes sossegamos dos desassossegos. Só que não sei mais fazer isso, ao menos não com tanta frequência. O que sempre me tira do que preciso ser são coisas que não são coisas por serem essenciais. Te conto se tiver paciência para mim. Senta aí! Sentou? Então tá!
Bom, antes de resolver conversar contigo (observe como sou pretensioso), estive corrigindo um texto belíssimo de uma aluna que anda me procurando para se encontrar dentro de seus escritos. Depois, satisfeito e revirando meu armário de livros, encontrei o velho Machado de Assis. Pois é, normalmente, não dá para ignorá-lo – eu falei ‘normalmente’? Enfim, se for um leitor atento, perceberá que uso do mesmo recurso dele, a metalinguagem, ou como dizem hoje em dia: quebrando a quarta parede. Influenciado, claro, decidi sair um pouco de mim para poder ter uma conversa franca e pouco mais próxima de ti. Espero não estar te chateando. Culpa da menina e do Machado, cobrem deles. Contudo, como uma coisa leva a outra, ao olhar um pouco para o passado, pensei no seguinte: “Por que a vida não obedece à mesma lógica da literatura? Tudo nela é tão certinha, menos a kafkiana, não mesmo. Talvez o mundo seja tão absurdo quanto. Será isso?”
Enfim, esse pensamento me veio ainda agorinha pela janela (perceba, a vida é um pouco como este desabafo, um pouco lá, um pouco aqui, um pouco fugido). Mia Couto tinha mesmo razão, além de ela (a janela) sentir vontade de ser mundo, ainda quer explorar os meus, escapar com eles. Nesse embaraço ‘enjanelado’, juro ter ouvido nitidamente ali de fora as vozes da infância: “Quico, vem cá!” – uma dizia. “Quico, sua mãe está? – outra.” Fechei a janela, isso dá um pouco de medo, confesso.  
Amigo de meus vazios, mesmo que não saiba de mim, conto um pouco sobre a razão pelo qual a janela e o tempo nos fazem esquecer às bolas redondas. Fique atento, pois explicarei tudinho a você e aos que nem sabem que sabem sobre suas próprias criações. Arredondemos estas bolas:
Desconheço pessoas que nunca assistiram ao programa do ‘Chaves’. A série de televisão é antiga e teve uma bela repercussão em meus anos de criança. No entanto, para que entenda, trago à tona um personagem, o Quico. Já conjugou o verbo quicar? Eu quico a bola. Tu quicas a bola. Ele quica a bola. Nós quicamos a bola. Ele quicou a bola... Pois então. Quando menino, por conta de receber atenções especiais de minha mãe – digamos assim. Recebi o apelido de Quico. No início era para ironizar o que elas deixavam faltar aos seus próprios filhos (carinho); depois, esquecido por todos, o epíteto acabou se instalando e, quadrado, foi fazendo parte de minha molequice. Inclusive, há pessoas mais velhas (algumas já mortas) que acho que nem sabiam que me chamo Dilso. Porém – ainda bem –, a crueldade de alguns foi dividida. Havia a Quica também, minha prima. Ai, amigo, como hoje isso me parece tolo, engraçado e, na mesma proporção, triste! Sorte que estudei onomástica e, hoje, posso refletir melhor sobre essas besteiras! (risos).
Está com pressa? Fique mais um pouco, tenho tanto pra te contar. Não dá? Tudo bem. Dias desses mostro a você que o mundo não gira, ele quica na ilógica falta de senso de uma bola quadrada de tantos inventores de Quicos que já quicaram na vida por serem malvados...
Bem, já falei demais. Agora te deixo em paz. Até mais, amigão!  

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