.

quarta-feira, 2 de março de 2016

MINHAS DUAS GALINHAS...

Na tentativa de provocar alguma claridade, a alma sempre me põe a escrever. Bom, acho que não sei mais pensar a não ser pelos dedos – preciso que eles catem, um a um, os milhos das letrinhas que vão me faltando para completar certas ideias escuras (e até obscuras) que desaprendi a iluminar sozinho. Às vezes, inclusive, – o que é bem interessante – sinto até que minhas mãos se parecem com duas galinhas, pois quando o terreno está sujo ali nas interioridades, elas ciscam e ciscam, até tudo ficar limpinho. Em seguida vêm os espíritos do dia (parecem que esperam pelo momento certo) e lhes jogam alguns punhados de grãos. E se acompanhou a imagem que produzi até aqui, sei que não preciso mais gastar palavras para explicar o processo que está me levando a estar neste texto, uma vez que a esta altura já deves saber dos que servem de bicos para minha dupla de meninas de penas – as aves “voadeiras” do chão (as mãos).
Enfim, há dias em que ficamos inquietos por conta de um monte de coisas que precisamos fazer ao mesmo tempo. Gosto disso. O desassossego é bom. Contudo, humano que sou, faltam-me elementos para completar algumas vontades claras que ficam às sombras do que preciso dizer. Se quiseres saber mesmo o que levou minhas meninas a ciscarem por aqui, então digo: foi o fato de que estive pensando sobre a melhor forma de abordar o Simbolismo na Literatura, para meus alunos. Complexo, admito. Gostoso, confesso. No entanto, para jovens menos pacientes, falar em Baudelaire me pareceu estranho para começar, sobretudo se abordar as origens do tema (teoria), que encontra suas raízes em outros poetas e articulistas franceses. Mas – ufa! – para minha sorte, enquanto os bicos de minhas galinhas catam os grãos por aqui, pensei na poesia pura para iniciar a discussão, já que minhas aves andam a me servir de símbolos para este terreiro todo de dentro de minha cabeça.
Sim, meu amigo! Acho que começarei pelo coração. E não me venha com piadinhas de que também curte um coraçãozinho de frango no espeto. Não falei em espetos, sabe disso! Só não vou seguir a teoria de imediato (pesado), farei o inverso. Vou expor logo dois poemas: um de Baudelaire (“O albatroz”, da obra “As flores do mal”); outro de Cruz e Sousa (ainda não decidi qual). E não, não os exponho aqui, falta espaço para tanto. Além de tudo, só vim mesmo foi para pensar. E como a terra está limpa e já posso ver o desenho que os milhos fazem pelo chão, me vou.
Ah, só lamento que minhas galinhas não ponham ovos, também! Na certa que seria agradável comemorar esta lucidez desembaraçada com uma boa omelete. Estéreis que são, venham aqui amiguinhas, deixe que eu lhes sirva de ninho. Agora descansem...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Divida conosco suas impressões sobre o texto!