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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

MARGINAIS DA ‘GUERRAIZ’...

Quando esquecemos um espelho de frente para outro, eis que temos dois abismos – infinitas repetições de labirintos que se devoram o dia inteiro.

A situação do magistério sempre andou pelas margens. Margens de um rio que viaja torto e que vai causando erosão nessas beiradas que segura a correria da vida. Estas águas (as da vida) são importantes – ninguém pode negar – são elas que molham a História, fazendo com que cada um de nós maruje nesta única via de navegação. O problema é que não há tráfego sem rota. Não há um “chegar lá” sem as marginais que seguram as curvas para que possamos passar, para que o rio possa continuar, já que, ao ter que seguir, também causa destruição.  
Quero dizer que os professores são como raízes bem firmes e que não permitem que a rota se acabe pela própria força em que cruzamos o mundo. Corrida perdida naquela ânsia que vai corroendo ao passar. Eles (os professores) são os que mantêm este curso, o trânsito que nos leva aos portos que precisamos atracar. Marginais? Pode ser. Toda margem precisa ser conservada firme para que a terra não condene a passagem ao erodir. Firmeza que anda se dissipando em um fenômeno chamado ‘guerra de raiz’, epidemia perigosa na qual uma sufoca a outra ao tramarem-se.
Como podemos perceber, temos dois perigos: a do rio que passa nervoso diante de nós; mais a doença que chamarei aqui de “guerraiz”. Situação confusa e que prossegue cheia de razões. Razões tão ‘desrazoadas’ a ponto de deixar muitas raízes doentes e fracas para segurarem, junto com as outras, a força da natureza e daquela correnteza que nos empurra a vida. Se as próprias margens mantêm marginais suas aliadas, o que dirá da ansiedade que tanto nos exige o mundo do “quero passar”?
Pois é. Cada um de nós, professores, é como uma margem cheia de curvas que quer, sozinha, dar rumo ao rio. Só que desse modo ele não encontra rumo.  É preciso de um outro lado para conter a força das águas, pois não há corrente sem as duas partes, não há vazão.
Deixemos de vaidades. A vaidade é uma máscara arquitetada para o lado de dentro do rosto. Ela é tão inútil quanto ridícula, uma vez que deixa os lábios à deriva, vulneráveis para quem quiser ler: este é o pecado favorito do mais íntimo de nossos demônios. É o que nos deixa sozinhos e enfraquece nossos sonhos. Uma árvore na barranca não tem profundidade suficiente para segurar a erosão. É necessário que se interrompa a ‘guerraiz’ para que possamos, sim, potencializar o que (a)segura o futuro. 

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