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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

HOJE ACORDEI PARA DENTRO DE UM SONHO...

Aqueles que viajam mudam de céu, não necessariamente de alma. (Lucrécio).

Sou ignorante para o que possa fabricar tantas imagens, mundos pelos quais dessabíamos que moravam dentro da gente. O fato é que hoje sonhei. Deveria ter estudado psicologia para entender melhor do assunto. Bom, o amor pelas palavras me chamou para as Letras, o que é estranho, já que elas me fazem sonhar ainda mais. Pois então. Hoje acordei para dentro de um sonho tão bonito que até deu vontade de ficar dormindo para sempre. Ah! Os ‘logo-alis’ parecem tão distantes quando sonhamos – e como é frustrante quando, num susto, tudo se desconstrói. Troca injusta: uma ‘boniteza’ de universo pela lucidez de um daqueles lados da cama.
Não, não posso falar sobre o que vi. Mas não se trata de nada erótico (descarte essa ideia, leitor!). As imagens que tive foram mais coloridas do que isso. Um misto do que alguns dos de mim viveram, a se confundir com este que agora mesmo dedilha esta croniquinha para ti. Texto necessário, preciso dizer, já que sem ele a emoção acabaria logo e me atiraria para a realidade do dia, uma vez que o dia não cabe num sonho, pequeno demais. Vou protelando...
Por conta desse ‘acordar-se’, gostaria de ser dotado do poder de ter os mundos que quisesse quando estou fora, mas não podemos prever o que vamos encontrar no momento em que as cortinas se fecham. Nossas interioridades têm vontades bem loucas e que se (des)encaixam como um poema Cubista. Então descobrimos que a noite não é fora, são nossos ‘dentros’ que andam a passear.
Ando chegando à conclusão de que o dormir é ‘morfinar-se’, mesmo. É deixar que Morfeu sinta por ti e cuide do teu fardo enquanto morres por umas horas. Calma, não estou me referindo a uma morte só de partida (por umas horas, eu disse). Queria que os olhos todos funcionassem, também, de fora pra dentro, então não precisaríamos mais fechá-los para estarmos longe, viveríamos este sonho às ‘verdas’ – como dizem os meninos quando desafiam certo amiguinho para um jogo sério de bolitas, um para valer. Pensando melhor, alguns bons livros carregam esse “deixar-se ir”. Contudo, desdigo, não são neles (nos livros) que estamos falando.
Por fim, volto no sonho que tive. Recordo com carinho, porque se não o fizesse, restaria dele apenas um monte de areia. Sim, só escrevi aqui para prolongar os instantes daquele mundinho, para amá-lo mais um pouco. Por quê? Ora, porque “desamar” é deixar de ter mar. É quando nos tiram o mar. É ganhar um deserto.

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