Aqueles que viajam mudam de céu, não necessariamente
de alma. (Lucrécio).
Sou ignorante para o
que possa fabricar tantas imagens, mundos pelos quais dessabíamos que moravam
dentro da gente. O fato é que hoje sonhei. Deveria ter estudado psicologia para
entender melhor do assunto. Bom, o amor pelas palavras me chamou para as
Letras, o que é estranho, já que elas me fazem sonhar ainda mais. Pois
então. Hoje
acordei para dentro de um sonho tão bonito que até deu vontade de ficar
dormindo para sempre. Ah! Os ‘logo-alis’ parecem tão distantes quando sonhamos
– e como é frustrante quando, num susto, tudo se desconstrói. Troca injusta:
uma ‘boniteza’ de universo pela lucidez de um daqueles lados da cama.
Não, não posso falar
sobre o que vi. Mas não se trata de nada erótico (descarte essa ideia,
leitor!). As imagens que tive foram mais coloridas do que isso. Um misto do que
alguns dos de mim viveram, a se confundir com este que agora mesmo dedilha esta
croniquinha para ti. Texto necessário, preciso dizer, já que sem ele a emoção
acabaria logo e me atiraria para a realidade do dia, uma vez que o dia não cabe
num sonho, pequeno demais. Vou protelando...
Por conta desse ‘acordar-se’,
gostaria de ser dotado do poder de ter os mundos que quisesse quando estou
fora, mas não podemos prever o que vamos encontrar no momento em que as
cortinas se fecham. Nossas interioridades têm vontades bem loucas e que se (des)encaixam
como um poema Cubista. Então descobrimos que a noite não é fora, são nossos ‘dentros’
que andam a passear.
Ando chegando à
conclusão de que o dormir é ‘morfinar-se’, mesmo. É deixar que Morfeu sinta por
ti e cuide do teu fardo enquanto morres por umas horas. Calma, não estou me
referindo a uma morte só de partida (por umas horas, eu disse). Queria que os
olhos todos funcionassem, também, de fora pra dentro, então não precisaríamos mais
fechá-los para estarmos longe, viveríamos este sonho às ‘verdas’ – como dizem
os meninos quando desafiam certo amiguinho para um jogo sério de bolitas, um
para valer. Pensando melhor, alguns bons livros carregam esse “deixar-se ir”.
Contudo, desdigo, não são neles (nos livros) que estamos falando.
Por fim, volto no sonho
que tive. Recordo com carinho, porque se não o fizesse, restaria dele apenas um
monte de areia. Sim, só escrevi aqui para prolongar os instantes daquele mundinho,
para amá-lo mais um pouco. Por quê? Ora, porque “desamar” é deixar de ter mar.
É quando nos tiram o mar. É ganhar um deserto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Divida conosco suas impressões sobre o texto!