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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A CHUVA E A CANÇÃO...


A chuva me confunde, não sei se sou eu a chover, ou se ela mesma é quem chove... Parece triste, não parece? Pode até ser. O fato é que depois dela, não consigo pensar em um silêncio mais seco. Acho que ele parece ter se esquecido de se enxugar. Sim, a moça nos aveluda um silêncio tão pelado que nos veste os ouvidos. Dias chuvosos são assim, inconjugáveis, seus barulhos não concordam. Queria poder conjugá-la, pelo menos essa que se vozeia lá fora... Assim, quem sabe eu chovesse de verdade e também me tornasse parte dessa vontade de ser canção.  Chuviscos são tons, e toda música que consiga ser melhor do que os silêncios consegue também fazer sucesso em mim. Desconheço vontade mais musical. Chove, pode chover. Vá secando os nervos das nuvens para irrigar e acalmar os nossos.
As serenatas compostas pelas gotas parecem dedilhados faceiros de um mestre tocador. Ela pensa que nossos telhados são violões afinados (como os de "blues"). Que bobinha! Essa guria (a senhorita chuva) tem uma vontade louca de ser canção... Ouça como ela toca, deixe que se enrosque em seus ouvidos! Ah, danada!  Ela é um silêncio delicado que se (m)olha nos ouvidos... (saiba que uma verdade, sem ouvidos, fica bêbada de si mesma, não se pluraliza). Para ouvir colorido ou povoar os olhos de mundos, queria ser poeta, músico ou o deus das nuvens, pois quem faz música nunca morre, ela (a música) é infinita e quem produz o infinito se eterniza. Assim, o dia não está feio, está só se eternizando pra nós.
Uma vez Nietzsche escreveu: “Se não houvesse música a vida seria um erro.” No que completo, “se não ouvíssemos as canções que brotam do céu e se musicam ao tocar a terra, a vida seria surda e pouco colorida, também um erro.” Acho que desaprendi a não gostar dos silêncios dos telhados. Alguns acham que ele é um. Não, o silêncio vem em legião. Nós é que precisamos estar afinados para degustar um a um, tal como as gotas que tamborilam em nosso mundo em um dia bonito de tempo “feio” – aqueles sem temporais.
A beleza canta pra nós, vamos bebê-la! Saúde!



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