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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

MANOEL DE BARROS, A ESTRELA DO CHÃO


O dia parece brotar em pequenos concertos. Primeiro a lua, devagarzinho, se ‘desilumina’ para que outras luzes possam se ‘horizontar’. Depois o latejo de alguma vida vai dando cor e forma aos silêncios que engravidam o leste das distâncias. E um a um, os pássaros parecem entender tudo em um grandioso coro que se esvoaça em um grandiloquente parto do Sol.
Assim me sinto sempre que abro um livro de Manoel de Barros, poeta fino em seus amanheceres, pois, em cada poema dele que se entrega pra nós, há um novo nascer do Sol. Amigos! Ele nos ensina que somos muitas janelas que olham para o mundo. Casas nômades a vagar sozinhas por aí. Porque aqui onde se escondem os ossos, todos nós moramos em um estado de quase solidão, só observando outras 'solitudes' se avizinhar. Manoel é o melhor vizinho. Isso se permitir que ele te visite e te conte sobre um céu que clareia bem debaixo de nossos pés. Como é bonito pensar que o firmamento também pode estar no chão!  
No ano que passou, infelizmente, perdemos essa estrela. Da terra que tanto amou foi para as nuvens “amanoelar” as cores do céu. Mas pensando melhor, não, poetas não morrem nunca, eles se tornam canto na voz de alguma palavra passarinheira. Manoel de Barros só foi um poeta maior (e para muitos, imortal) porque soube afinar sua sensibilidade à sabedoria das crianças. Elas, verdadeiramente, são quem tornam grande o menor, pois – muito mais sabidas – usam temperos e fermentos especiais. Basta jogarem uma pitadinha por cima do tempo, e PUMMMM, esticam o mundo todinho de uma vez só. Ah, como é triste desaprender a espantar-se! A rotina é mesmo coisa de gente que emagrece, de adultos que vão se tornando chatos por ignorarem que há muitas primeiras vezes naquela mesma vez que jamais se repete. Assim viveu o amigo das melhores letras, e adivinhem, elas ainda podem te soprar, basta ler um poema perdido nas páginas que ele escreveu.
Há um livro muito bom. Um livro de capa branca que se chama “Manoel de Barros: Poesia completa”. Eis minha dica para quem pretende despertar e, como já escreveu outro poeta (Mário Quintana), acordar-se para dentro. Apresento-lhes uma obra que nunca se desgastará – não pode se desgastar. Procure-se ali dentro e encontrará aquele menino que acabou esquecendo, o menino que um dia já foi você.

Boa Leitura!!! 

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