O amor é uma peça em
quatro atos. Ele acontece junto com as estações: primeiro vêm as flores do
encontro; depois o calor do verão; logo as
folhas secam, caem e se renovam para, em seguida, ficarmos cientes de que
haverá também o frio, as dificuldades do inverno. Superando o tempo, fica a
semente para germinar firme e criar, então, raízes fortes e bem arraigadas
dentro de nós.
Há quem diga que ele (o
amor) é um estado de espírito, uma vontade solta pelo mundo. Um norte perdido
dentro de uma bússola de mil ponteiros. Bússola frenética e desconhecida, onde
cada seta está à deriva em rodopios invariáveis por debaixo daquele vidrinho
fino. Ao invés de se estabilizar, ela se perde ao som de uma voz primaveril.
Não falo aqui de qualquer vozearia, refiro-me aquele som necessário do qual ninguém
mais pode ouvir – apenas nós. É um silêncio organizado para nos desorganizar, para
desorientar os corações. Quando o ouvimos, desejamos voltar ao tempo do
astrolábio, porque ele não dependia de “ponterações”, sendo assim, não “loquiava”
tanto ao observar as estrelas.
Se, por ventura, sentir
o peito vazio, mesmo sabendo da carga carregada dentro dele, saiba que, de sua
parte, há muito mais do que interesse, há um desinteresse em viver dali para
frente sem aquela verdade que te encontrou. Pedir para explicar mais, não dá!
Existem coisas que ou você sente, ou não sente. Se já sentiu vai saber.
Quem pode medir a intensidade
do brilho de cada um desses astros? Gráficos são incapazes de sentir tamanha
turbulência. Sempre ouvi falar muito da ‘Escala Richter’, porém, para um homem
apaixonado, a terra treme mais, ultrapassa qualquer fator mensurável para os
demais. Gostaria de não confundir – já que falei de apaixonado –, o amor é
maior, é uma tempestade florescida. Ele sim é capaz de suportar terremotos,
invernos glaciais e até mesmo as direções, aparentemente, mais perdidas.
Nenhuma escolha é feita, ele vem e se instala nas interioridades. É no encanto que
se manifesta – quem sabe somente uma única vez na vida.
Enfim, quando um homem
ama uma mulher, os caminhos são curtos, se isso for barreira para chegar onde
ela está – as estações estão sempre floridas quando está por perto. Assim, ficamos
ignorantes a outras belezas, todas elas lembram a mesma: a que te fez misturar
os ponteiros. Remédios não existem, a única “panaceia” está ali, na pele, nos
olhos, na figura daquela que te adoentou.
Acho que é isso!
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