Defender uma verdade é
como optar por um perfume, nem toda a pele se adapta e nem todo o cheiro
agrada. Sim, a
verdade é uma mentira de muitos aromas. Uns são deixados pelas minhas
frustrações e acertos. Outros, pelas suas. Mas a que eu mais gosto mesmo (tenho
que confessar!) é a mistura: as mentiras recontadas pelas cores das palavras
perfumadas tanto pelas primeiras, quanto pelas segundas. É certo que “no princípio era o verbo...” – sempre
o verbo! – “e o verbo se fez carne...” virou boca e nos devorou. Depois
mastigou e cuspiu a todos nós. Eis a mais pura verdade!
Todos os dias o tempo
nos traz um novo “eu” e essa legião de “nós” é que nos fazem tornar os muitos
que somos dentro de um só. Esse é o presente desse mesmo tempo que nos mata e
nos faz (re)nascer todos os dias; que nos faz perder o foco de quem escreve e
de quem lê... Que nos faz sermos o que somos e diferentes de quem fomos, pois somos povoados por aqueles de ontem. A casa precisa crescer. Pela manhã
seremos uma multidão.
Pensando nisso, como
podemos consumir textos/livros de autoajuda? Não podemos aceitar fórmulas para
o sucesso. Não mesmo! Partindo do princípio de que somos únicos. Como inspirar-se
pelas mesmas pegadas que foram dadas pelos pés tortos de algum autor? É fácil
ser um marqueteiro de ilusões! O que deu certo para um, não necessariamente
dará certo para outros. Os tijolos dos caminhos sempre estão posicionados
diferentes, porque somos nós quem os colocamos lá. Não leia autoajuda, leia
Poesia ou Filosofia. Não se encontre. Quero que se perca de vez. É mais
gostoso. Esse é o (des)caminho para o
encontro com os outros de ti que foram deixados em outras caminhadas. Eu disse
outras, mas suas, de mais ninguém.
“Caminante no hay
camino, se hace camino al andar...” Em uma tradução literal – esta por minha
conta –, seria: “Caminhante, não existe caminho, os caminhos se fazem ao
caminhar...” Verso preferido de meu amigo Rodrigo Bartz, “vontade” cunhada pela
pena do poeta Antonio Machado. Eu sei que a verdade, como já disse, é uma
eleição, um boticário, mas precisamos admitir que fazer caminhos enquanto se
caminha é bem mais respeitoso do que achar que os dos outros podem ser
caminhados por ti.
Diga não aos
pensamentos que só ajudam editoras e pseudoescritores a tornarem-se mais ricos.
Este é o segredo do sucesso deles. Quer fazer o mesmo? Não somos os mesmos nem
dos que fomos ontem, quanto mais dos outros. Tudo é construção!
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