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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O PRIMEIRO AMOR


Quem nunca viveu um amor? Acho que essa vivência é universal (desculpe a pergunta!). Ninguém a espera. Ela te vê e logo te arrebata. O suor esfria. A boca seca. O coração – coitado – dispara como um doido. Sim, os primeiros sintomas são estes mesmos: o de doença. Afinal, a palavra paixão significa “doença da alma”. Assim, adoentados é que tudo vai perdendo o sentido. Nada mais de ouvir os amiguinhos ou prestar atenção no que diz aquele professor de álgebra. Queremos poesias, pois os rostos parecem ganhar a forma do motivo de tanta distração: o da pessoa que não planejamos amar.
O cheiro... Pode passar vinte, trinta, quarenta anos. Eles não nos esquecem. Não, as flores não nos pedem para exalar seus temperos. Em um belo dia, basta passear em um jardim, e pronto! As cores das plantinhas (como mágica!) passam a ter mais vida do que o habitual. Como podem ter mudado? Eu mudei? Vi e cheirei as violetas certas? Bom! Isso não se pode saber! Ninguém pode entender dessas coisas, desses mistérios.
Ah! E se um beijo inocente florescer entre dois lábios? Ou pior. E se a cena repercutir para todo o sempre no peito de um daqueles pombinhos? Perigoso! Isso pode acionar uma eternidade, já que – pelo menos nessa fase (na adolescência) – as coisas nem sempre terminam como desejamos. É incapaz de terminar. O medo é que fique...
Essa coisa de beleza é outro elemento que também vai se gastando. Quando amamos de verdade, os olhos se atrapalham. Parece que não vemos mais do mesmo modo que os outros. Ficamos à mercê do nada que se tornou – para nós – o resto do mundo. Existir? Só se for ali, junto com aquela imagem que tanto contagia os pensamentos. Nós perdemos isso. Geralmente passamos a vida relembrando o sentimento que já tivemos coragem de deixar acontecer. Verdade! Antes nos entregávamos. Adultos, de tanto nos perdermos, acabamos acordando certo medo de amar, medo das pequenas mortes e dos pequenos vícios. Assim, preferimos a entrega desconfiada para que não se faça mais um furo indesejado na peneira.
Depois de “grandes”, só amamos quando aprendemos, desaprendemos e reaprendemos a afinar todas as cordas de nossas razões, porque ‘Amar’ é um verbo que se eterniza em milhares de conjugações – queremos saber de todas elas. Temo que seja impossível amar como um jovem sem deixar tanta desconfiança de lado. Basta eu e tu.

Sim, sempre procuramos o amor; mas encontrar-se nele é que é um achado. Acho que nos esquecemos de como é. ‘Coisa de adolescentes!’– dizemos. Fugimos assim...

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