Mesmo sabendo que
alguns grandes companheiros dos escritores foram/são os gatos. Na literatura os
cães é que dão o show. Instintivamente protetores, os cachorros ganharam um
espaço permanente em nossas melhores letras e, antes de tudo, em nossas famílias.
Não é difícil amá-los. São fiéis, dóceis e amigos inquestionáveis. Sabendo
disso, não, eles não poderiam ficar de fora de nossa essência. Aliás, os
peludos fazem muito mais do que nos dar amizade (talvez tanta que nem mereçamos),
eles nos dão amor. Nunca amaremos como eles, somos falhos, pertencentes à única
raça no mundo que é capaz de matar seu semelhante por prazer, pois não há
psicopatas no universo das quatro patas, creio. Quando a violência impera, certamente,
um elemento externo desencadeou seus instintos. Nunca por vontade, ou deleite. Ser
mau é coisa de gente.
Dito isso, vou falar
sobre três grandes cachorros da nossa e da literatura universal: a Baleia, o Quincas
Borba e a Cachtánca. Graciliano Ramos e Machado de Assis, felizmente, todos
conhecemos. Quem nunca ouviu falar deles durante o Ensino Médio? Contudo, Anton
Tchekhov é um autor que também devemos nos debruçar. Um russo que nos encanta
pela belíssima capacidade de produzir contos que nos zunem aos ouvidos – neste
caso, os latidos.
Pensem bem. Dizem que
somos incompletos, seja na capacidade olfativa, afetiva, auditiva... Certo? Se
isso nos falta, buscamos/procuramos fora o que para os cães é natural, então
nos irmanamos e acabamos nos completando neles. Na literatura não é diferente.
Em “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, temos a Baleia, uma cachorra que tem
expressões humanas. Quem nunca sofreu com ela enquanto lia a obra? Já “Quincas
Borba”, de Machado, herda os olhos de seu dono, tanto que carregava o mesmo
nome dele. Depois que morre, é no cão que encontra sua continuidade, controla e
censura Rubião, seu afilhado. Porém, não há escrito mais belo do que o de
Tchekhov (pelo menos não do gênero), pois o autor nos transporta para dentro da
cadelinha, sentimos o que ela sente: tudo se passa sobre o olhar da pequena
Cachtánca. Quer um conselho? Leia se tiver um “amigo cão”. Daí irá sofrer com
ela. Receberá uma lição de amor e fidelidade que pode não ser compreendido por
quem não ama os peludos.
Enfim, não me delongo.
Só queria que soubessem que os animais estão aqui para nos auxiliar, nos ajudar
a sermos melhores pessoas, já que, naturalmente, tendemos a destruição.
Deixe-se adotar por um deles, ou, se for alérgico, pelo menos leia. Sinta o quanto
é felpuda a literatura que nos mostra que somos nós os dependentes deles.
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