O maior mistério de
todos, sem dúvidas, se passa na cabeça de uma criança, pois são seres
apaixonados e curiosos. Nem o que é pequeno lhes escapa. Nós, que sofremos com
a doença da “adultez”, já fomos capazes disso, mas a patologia envolve também a
amnésia e, como era de se esperar, esquecemo-nos de que um dia também fomos
apaixonados pelas coisas mais bobinhas. Bobinha é a defesa usada para manter-se
frio e “razoar” as “bonitezas” sutis da vida. “Não, não é assim que se fala,
menino! O certo é “beleza”!” Amigos, ‘quando a criança ‘erra’ na gramática, eis
que surge uma poesia’, palavras de um poeta, o Manoel de Barros, um garoto que
tinha 97 anos de existência – e ele ainda existe, já que crianças não morrem, elas
continuam ali, em algum cantinho de nós. No que corrijo: quando adultos, não
ficamos apenas desmemoriados, ficamos também cegos para dentro.
Nunca subestime a
sabedoria de uma criança. Vejam como se animam para o primeiro dia de aula. Se
a sociedade (adulta) amasse a escola como os pequenos amam, certamente, já
estaríamos entre os países mais desenvolvidos do mundo. No que replica um
rapaz: “Mas escola não é tudo!” Na certa que não, mas é um bom começo para todo
o resto. Imaginem nossos governantes considerando os educandários como lugares
importantes e de merecido investimento. Alunos recebendo banquetes e sendo
agraciados com livros novos (a sua escolha), já no primeiro dia. ‘Sonho?’ Pode
ser. ‘Investimento para longo prazo’, diriam outros. ‘Não dão votos’, mais
outros. ‘Até ele votar já estarei aposentado’, pensa um político mais
maquiavélico. Pois é, o emaranhado de situações que envolvem a educação faz com
que, junto conosco, os futuros moradores do mundo sejam engavetados – junto às
aranhas – em enormes gavetas empoeiradas e cheias de mais papéis.
Quer pensar no futuro?
Então cultive o presente, porque o futuro não existe, hoje é que é o futuro de
ontem. Deixar de investir na educação é desequilibrar o amanhã, que já será o
futuro desses tantos ‘agoras’ que há. O tempo urge, cavalheiros, precisamos
ouvir o que a paixão dos pequenos clama. O relógio deles também corre. Logo se
tornarão um desses frustrados da vida, feito nós.
Não é uma “boniteza”
observar os pequenos engrandecendo os espíritos em um primeiro dia de aula? Pois
então vamos prolongar isso. Nenhuma paixão deve deixar de queimar. Se apagar, a
culpa é toda nossa. E só nossa!
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