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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

PROFESSORES E COZINHEIRAS


Não há como lançar um olhar sobre o mundo sem primeiro inverter os olhares para dentro, já adaptando as sugestões dadas por Rubem Alves, em “Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação” – livro que indico por aqui.
Livremente inspirado, insisto: nossas peles são o que nos vestem. Elas é que nos fazem sentir a verdadeira moda, uma moda sempre em dia para o que realmente importa: o toque que move o que há por debaixo delas (das peles). Por isso as cozinheiras mais simples são as que produzem os sabores, os saberes mais complexos, pois seus perfumes se “alquimizam” dentro de nós, não fora. Assim deveriam ser os professores, eles (nós) precisam/precisamos aprender com elas (as cozinheiras), sem vaidades, apenas respeitando a feitura das comidas para que o outro as sinta e sinta-se, não apenas forte, mas revigorado no deguste, uma vez que quem cozinha com amor, provoca HUMMMsss de satisfação; com pressa, a cogestão; e simplesmente como trabalho, o engorde desnecessário e perigoso. A arte de cozinhar e a de ser professor – e isso é incrível –, podem se tornar as mais belas e as mais terríveis das atividades, tudo depende dos temperos e dos tempos, estes, se feitos com raiva, na certa queimarão, ou ficarão cruas dentro das bocas de quem deveria alimentar e saciar, ‘prazeirar’. 
Um dia teremos olhos para o desejo. Nesse dia, quem sabe, saberemos diferenciá-lo de um simples ‘querer’. Até lá, melhor é deixá-lo crescer no peito de algum poeta e torcer para que estejamos perto quando ele explodir. Quem sabe assim ouvimos?
Enfim, encerro com as palavras ditas por uma grande sábia, pelo menos o que lembro. Minha memória, um pouco falha, reproduziu assim: “Um médico salva vidas, mas as marcas deixadas pelos bisturis dos professores é que são delicadas/perigosas. Eles operam a todos - a todos os espíritos - e, se não forem empunhados por homens e mulheres apaixonados (as), podem até frustrar as mãos que poderiam te salvar, futuramente, em uma sala de cirurgia.”
Leiam Rubem Alves e me acompanhem nas inquietações! Textos simples, porém não simplórios e que nos ajudarão a entender e entender-se dentro de uma das mais nobres e apaixonadas das profissões: a docência.   


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