.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

MATRIX: POLTRONA E TELEVISÃO


Não é de hoje que penso sobre o Livro VII da “República”, de Platão. Passagem famosa, conhecida por todos como “O mito da caverna”. Penso que todos já conheçam a história do homem que, ao se libertar das sombras emitidas por fantoches, acaba conhecendo a luz e, em seguida, é colocado de volta às figuras manipuladoras da parede. É lógico que ele não se adapta. Para quem não conhece o mito, pensem no filme Matrix. Saiba que ali há muitos elementos que remetem diretamente a essa verdade platônica. Quem não se lembra do Neo? Pois é. O Neo é o homem que vivia dentro da Matrix, local criado pelas máquinas para manter as pessoas alienadas, em sono profundo. Elas (as máquina) as usavam como pilhas para dar energia a sua nova forma de existência. Não é muito diferente daqueles seres da caverna. Pessoas perdidas por não conhecerem o lado B do disco. Assim como nosso herói, o homem que se soltou das verdades das sombras, o personagem do filme também fica em dúvida sobre no que deve acreditar.
Tenho um terceiro elemento. Somos nós. Sabe aquela poltrona que está de frente a nossa televisão? Sim, ali é nossa caverna. Passamos os dias só recebendo as sombras do mundo. Muitas vezes nem questionamos a veracidade dos fatos ou a manipulação que os donos das marionetes insistem em engendrar. É justo que nos assustemos em saber disso, mesmo não acreditando em nada para fora dessa “matriz” – é melhor a poltrona!
Há um livro chamado “Narciso errante”, escrito pelo professor Donaldo Schüller, que reforça esta – como ele mesmo diz – “caverna moderna” na qual somos moderados. É bastante comum as pessoas debaterem unilateralmente. Um empate, mais do que necessariamente um debate, diga-se de passagem.
Minha filha mesmo, adepta dos livros e de um gosto musical, digamos, mais apurado, já foi vítima disso. Acho que há tempos ela escapou da escuridão. De acordo com ela, dia desses, uma menina proferiu: “Quem tu pensa que é? Isso não é música de verdade, tu só fala nesse tal de Vinícios sei-lá-do-quê e nesse tal de Chico. Nem parece que é brasileira, devia gostar de samba, como nós!” – Como se não fosse!

Enfim, há um álbum (se não me engano é recente) no qual a banda Black Sabbath optou em expor a imagem do filósofo Nietzsche comendo macarrão. O disco se chama “God is death?” Sabemos que foi ele quem pôs em Xeque a existência de “God”. De sua boca escorre massa. A massa somos nós, os habitantes da Matrix, os perdidos que não tomaram a pílula vermelha. Só quem optou pela azul poderá entender. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Divida conosco suas impressões sobre o texto!