Não sei como a vida pode caminhar. Temos uma gama de informações
bem na palma de nossas mãos. A força de um universo inteirinho ao nosso dispor.
Como podemos não ser, no mínimo, melhores? Respondo: é porque junto com essa
dádiva toda veio também o "tudo-pronto". Só que não nos adianta tudo
isso se não tivermos o conhecimento, ou ao menos a curiosidade para podermos
usufruir desse bem tão indispensável para os dias de hoje. Ignoramos a
elasticidade do que os gregos já chamavam 'kairós': o tempo da oportunidade. É,
acho que quanto mais temos, menos somos, mais esperamos e menos esforços
fazemos para caminhar, não há direções. Por isso não entendo de nenhuma
estrada, pois elas ainda não se fizeram.
Alguém se lembra do filme “Life of Pi” (As aventuras de Pi)? E se
eu dissesse que essa obra fílmica é fruto de um plágio literário? Sim, o
primeiro a escrever foi o nosso brasileiríssimo Moacyr Scliar; o segundo roubou
a essência do primeiro, trocou um jaguar por um tigre e deu uma tapa de gato.
De “Max e os felinos” plagiou-se “Life of Pi”, pelo canadense Yann Martel. “Uma
pena, segundo ele, que uma ideia boa tivesse sido estragada por um escritor
menor.” Moacyr, um escritor menor? É muita petulância, além do desrespeito
intelectual, ao surrupiar a ideia do outro, ainda chama o idealizador de menor.
Menor, menor, menor, enorme, para você, meu ingênuo Martel.
Contudo, o autor de “Max e os felinos”, não teve a mesma reação
que tive. No início até foi atrás. Alguns dizem que por míseros quinze minutos
de fama. Pessoalmente, penso que não, ele apenas foi tirar satisfação do que,
por justiça, lhe pertencia. Não é isso que aprendemos em toda nossa vida
acadêmica? Não devemos respeitar as ideias alheias? Nem uma citação! Nada.
Não, não prolongo mais minha irritação em saber que uma obra
criada na terra tenha sido “estrangeirada” de forma tão vil e forçosa – e ainda
virou filme, ora bolas! Triste realidade. Enfim, o que resta é indicar a obra
de Scliar. Livro bem feito, de leitura rápida e envolvente. Tudo para lembrar
que, antes de louvar alguma obra de fora, – veja bem! – tentem olhar para o que
anda se produzindo aqui dentro. Se não fizer, pode ter certeza, há muitos
estrangeiros (não puxando, claro, para a xenofobia) dispostos a levar o que é
nosso embora. Acreditam que existem norte-americanos estudando Machado de Assis
(pasmem!) e vindo até aqui ministrar palestras sobre ele para nós? Sim, é o
preço de não conhecermos o que é nosso.
Leiam (insisto) “Max e os Felinos”, de Moacyr Scliar, e se
encontrem na legitimidade!
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