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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

ENTRE TIGRES, JAGUARES E PLÁGIOS


Não sei como a vida pode caminhar. Temos uma gama de informações bem na palma de nossas mãos. A força de um universo inteirinho ao nosso dispor. Como podemos não ser, no mínimo, melhores? Respondo: é porque junto com essa dádiva toda veio também o "tudo-pronto". Só que não nos adianta tudo isso se não tivermos o conhecimento, ou ao menos a curiosidade para podermos usufruir desse bem tão indispensável para os dias de hoje. Ignoramos a elasticidade do que os gregos já chamavam 'kairós': o tempo da oportunidade. É, acho que quanto mais temos, menos somos, mais esperamos e menos esforços fazemos para caminhar, não há direções. Por isso não entendo de nenhuma estrada, pois elas ainda não se fizeram.
Alguém se lembra do filme “Life of Pi” (As aventuras de Pi)? E se eu dissesse que essa obra fílmica é fruto de um plágio literário? Sim, o primeiro a escrever foi o nosso brasileiríssimo Moacyr Scliar; o segundo roubou a essência do primeiro, trocou um jaguar por um tigre e deu uma tapa de gato. De “Max e os felinos” plagiou-se “Life of Pi”, pelo canadense Yann Martel. “Uma pena, segundo ele, que uma ideia boa tivesse sido estragada por um escritor menor.” Moacyr, um escritor menor? É muita petulância, além do desrespeito intelectual, ao surrupiar a ideia do outro, ainda chama o idealizador de menor. Menor, menor, menor, enorme, para você, meu ingênuo Martel.
Contudo, o autor de “Max e os felinos”, não teve a mesma reação que tive. No início até foi atrás. Alguns dizem que por míseros quinze minutos de fama. Pessoalmente, penso que não, ele apenas foi tirar satisfação do que, por justiça, lhe pertencia. Não é isso que aprendemos em toda nossa vida acadêmica? Não devemos respeitar as ideias alheias? Nem uma citação! Nada.
Não, não prolongo mais minha irritação em saber que uma obra criada na terra tenha sido “estrangeirada” de forma tão vil e forçosa – e ainda virou filme, ora bolas! Triste realidade. Enfim, o que resta é indicar a obra de Scliar. Livro bem feito, de leitura rápida e envolvente. Tudo para lembrar que, antes de louvar alguma obra de fora, – veja bem! – tentem olhar para o que anda se produzindo aqui dentro. Se não fizer, pode ter certeza, há muitos estrangeiros (não puxando, claro, para a xenofobia) dispostos a levar o que é nosso embora. Acreditam que existem norte-americanos estudando Machado de Assis (pasmem!) e vindo até aqui ministrar palestras sobre ele para nós? Sim, é o preço de não conhecermos o que é nosso.
Leiam (insisto) “Max e os Felinos”, de Moacyr Scliar, e se encontrem na legitimidade!  





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