Quem nunca precisou
mandar um e-mail ou um bilhete, que seja? Claro que, dependendo da
circunstância e da pessoa, não cuidamos muito os aspectos que envolvem “o bom
português”, digamos assim.
Houve um tempo em que
dei aula para um grupo do Curso de Engenharia. Ao decorrer da disciplina, um
deles proferiu: “Não sou muito bom na escrita, nossa especialidade é outra”.
“Tudo bem!” – respondi – “Mas por que diz isso com tanta segurança?” “É que uma
palestrante falou uma vez que assim como psicólogos não fazem contas,
engenheiros também não sabem escrever”. Nossa! Aquilo me pegou. Fui para casa
com essa voz na cabeça. Sabe como é, sou um pouco obcecado enquanto professor
e, naturalmente, não aceitei a assertiva. Senti como um desafio.
No dia seguinte, depois
de ter refletido bastante, resolvi mudar o norte das coisas. Orientei meus
alunos a produzirem textos argumentativos. Dei dicas. Mostrei muitos que havia
feito e alguns que me serviam de referência. Minha obsessão virou a deles. Lembrava-os
sempre daquela afirmação tão desnecessária, fazia questão disso. Quando
resolvemos submeter algumas de suas produções a determinadas edições de
jornais.
O tempo passou. Lá se
foram três aulas, três dias de olho na experiência. E Bingo! Naquela semana
conseguimos quatro publicações em três jornais diferentes. Ufa! A cura do “ter
que provar” nos purificou. Estava na cara, atestamos: a escrita pertence a
todos, seja engenheiro, psicólogo, enfim. Ousamos demostrar que nem tudo o que
dizem, em uma leitura rápida e superficial de nós, deve ser ouvida e aceita com
tanta rapidez. Se os acadêmicos da Engenharia não escrevem? Claro que escrevem!
Os meus escreveram e fizeram muito bem. Afinaram minhas pretensões e
desmentiram um mito que por pouco não foi carregado para a vida profissional de
cada um deles. Perigoso, perigosa uma fala tão generalizante!
Sim, foi um tempo
rápido e intenso. Não consigo esquecer o momento em que um desses alunos se
deparou com seu texto no jornal. O primeiro, pois foi aceito em outros três.
Não quero dizer com isso que não possamos nos expressar de outras formas, isso
podemos. O fato é que a escrita parece potencializar, em nossa sociedade, uma
maior adesão e seriedade aos assuntos que desejamos tratar. Assim, geralmente,
somos mais ouvidos – e fomos mesmo!
Ora, engenheiro não
escreve? Tem mais alguma afirmativa genial aí para que possamos quebrar?
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