Apesar
de meu nome não ter significado algum, sempre acreditei neles. Tanto que minha
filha mais nova se chama Caroline, alusão à esposa de Machado de Assis, a
Carolina Augusta Xavier de Novaes. Tive uma gata que se chamava Sofia (em
grego, sabedoria). Quando morreu, para dar continuidade a ela, adotei outro
gato e pus o nome de Filoctetes (o Filo. Do grego, amigo). Juntando os dois
teremos Filo + Sofia = Filosofia. Oriundo de uma obra de Sófocles, Filoctetes
foi quem guardou as armas de Heracles, ou Hércules (a glória de Hera), como
queiram. Minha esposa é a Carmem, ‘Carme’ é uma medida poética... É, parece que
só eu não tive a chance de ser agraciado com a onomástica (pensamento sobre os
nomes)!
Enfim,
quando leio um livro, o primeiro elemento que me chama atenção são justamente
os nomes dos personagens. Ali, certamente, está um universo inteiro, a
personalidade, seu passado e, até mesmo, seu destino. Voltamos a Sófocles. Na
tragédia de Édipo (o de pés inchados) podemos saber claramente o que acontecerá
com o bebê só pela análise do nome. Ele seria amarrado pelos pés para ser
morto, já que o destino, segundo a “esfinge”, faria com que este mesmo bebê
voltasse, matasse seu pai e dormisse com sua mãe. Foi que aconteceu, a profecia
se cumpriu. Inclusive tiveram uma filha, a Antígona (anti + gonos = a que não
deveria ter nascido). Fruto do relacionamento de um filho com sua mãe, nem
precisamos dizer que ela (a Antígona) viveu uma vida de maldição.
Claro
que não falo sobre escritores comuns, desses que não arquitetam sua história.
Até onde eu sei: se programar a morte por tuberculose de um de seus personagens,
saibam que ele deve tossir já nas primeiras linhas. É por esse motivo que
acabamos por ficar chatos e seletivos conforme vamos lendo. Até chegar um tempo
em que não aguentamos nem mais passar os olhos pelas páginas de obras que não
apresentem qualidade. Saibam que o bom escritor não pode cometer excessos.
Vejam Machado de Assis, por exemplo, criou um homem chamado Beltrão, ele era
para ser um comum, como um José, de Drummond, ou um Severino, de João Cabral.
Acompanhem: fulano, sicrano, beltrano (Beltrão).
Intrigante
– pelo menos para mim – quando me pego de frente a um “Sevenbois”, um “Iago”
(ele é o mau, o vilão em Otelo, personagem shakespeareano), ou a algum híbrido
de novela das oito com filmes americanos. Atentem a isso: os nomes simples
carregam muito mais significados, minha gente! Mateus, por exemplo, (mat + theo
= presente de deus); Felipe (filo + hipos = o amigo do cavalo, por isso era nome
de rei). E por aí vai.
Vamos
pensar bem os nomes, tanto na vida quanto na arte. Os filhos e a literatura
agradecem.
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