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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

SEMPRE AO SEU LADO


Certo dia um amigo me confiou um filme. Disse assim: “Assista, é a sua cara!” Como era uma pessoa de confiança, arrumei um tempo e assisti. No início pensei que seria um daqueles pastelões, aquele tipo de obra que só paramos para ver quando não temos mais nada para fazer. Só que não. Conforme as coisas iam acontecendo – minha nossa! – comecei a sentir até um pouco de receio em continuar, mas continuei. Foi a história mais triste que já vi. Tratava de um cachorro que esperou por seu amigo até a morte. Chorei como um idiota, pois também tive uma amiga assim, inclusive, enquanto eu estava enterrado naquele buraco chamado depressão, ela lia comigo, eram os meus ouvidos. Praticamente fizemos o Mestrado juntos.
Sofia era o nome dela. Não era um cão, como o personagem ‘Hachi’, era uma gata. Ela esteve ao meu lado em cada livro, em cada artigo escrito, em todas as linhas de minha dissertação. Por isso aquela maldita película me arrasa tanto quando vejo. Minha Sabedoria (Sofia, em grego) morreu exatamente uma semana depois que apresentei em minha banca. Parece que aguardou até que eu estivesse pronto para depois, sim, partir. Lembro que na época, dia 01 de março de 2014, quase tive um “treco”. Minhas lágrimas pareciam fáceis e de pouca vergonha. Naquela semana, a primeira depois de uma década, passei sem ler. Concentração era um luxo que não havia. Foi um mês difícil e magro, perdi três quilos e uma parte que deveria ser inexorável da alma.
“O que está havendo comigo?” – pensava na época. Enquanto os outros diziam: “É apenas uma gata, arrume outra!” Pobres desgraçados, mal sabiam que ela não era nenhum bichano. A Sofia era uma amiga que veio para mim vestida de felina. Será que não entendiam? Não os culpo. É difícil ver com meus olhos, eu sei!
Hoje – vejam só! –, enquanto escrevo essas memórias tristes, na televisão está passando aquela mesma obra que outrora me faz tão mal. Lembro também que só voltei a ler novamente depois de imprimir um retrato dela e ter colocado em um quadrinho. Até agora leio pra ela, mesmo sabendo que seu corpo faz parte de meu terreno (acho que até plantarei uma roseira por lá. Sim, vou fazer isso!). 

Contudo, peço perdão por expor minhas dores por aqui. Escrever me faz sentir calmo. Exorciza um pouco os espíritos. Amacia o que nem todos compreendem. Não podendo contar isso para ninguém – medo de passar por ridículo – provoco então uma catarse. Purifico-me contando de vez para todos. Enfim, está feito!  Paro por aqui. Vou indo. O tempo anda. Agora vamos ler, só meu quadrinho e eu... 

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