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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

GATO, CAFÉ E LITERATURA


Há alguns meses, durante uma disciplina no Curso de Comunicação Social, uma aluna veio até mim e disse: “Adoro as imagens de seus gatos antes de começar a matéria!” Sim, sempre punha uma foto de algum de meus felinos, geralmente à frente dos livros que os tempos e as paixões me fizeram amar e acumular. O próprio Fernando Pessoa já fez um poema elevando a precisão ponderada dos gatos.
O escritor argentino, Júlio Cortázar tinha também seu companheiro, – quantos livros não escreveram juntos! – seu nome era Adorno (nitidamente uma de suas influências, já que Theodor Adorno foi um grande pensador). Belo nome para o gato de um gênio literário. Saiba que os cães e os gatos são seres tão completos a ponto de continuar completando a nós, "os poderosos humanos". Sorte sua se um dia conseguir ser adotado por um amigo desses. Eles são generosos. Valorize isso, ou fique sozinho, é melhor para os dois! Mas se sentir-se no direito, fique com eles. Leia com eles. Deixem que afinem os seus silêncios como os meus se afinam, como fazem os bichanos de minhas amigas Dóris Paulus e Tânia Lisboa. Aliás, a Tânia tem um gatinho chamado Horácio, personagem principal de uma obra do mesmo Cortázar, o mesmo autor que falamos acima. Coincidência? Não, apenas uma verdade que se multiplica. Quem vive a Literatura, quem a ama, precisa de silêncio para se encontrar nas vozes da quietude de um livro. Sempre precisamos que alguém os aprume para nós. Assim é. Os literatos vão me entender. Sabem que os gatos ‘devagarinham’ cada eternidade, freiam o que seriam ‘daqui-a-poucos’. Não, eles não gostam de dar de comer a nenhum depois. ‘Agorar’ futuro é tolice de gente.
Quanto aos cafés, não os entendo como simples bebida. Podem-se degustar vários tipos de prazeres, tais como a cafeína é para mim. Digo café, porque não há cheiro mais companheiro e atraente. Gatos, as clarezas escuras dos ‘dentros’ de uma xícara e a Literatura, todos são velhos amigos. Confesso que ando diminuindo, não serei como Balzac, louco, dizem que consumia o equivalente a 300 cafezinhos por dia – morreu disso. Vai ver que foi por isso que nos deixou um acervo tão vasto e magnífico...

Deu, devo encerrar por aqui, minhas divagações vão longe se continuar nessas linhas. Contudo, quero que saibam que não precisam enxugar minha fórmula criativa para a vida de vocês. Procurem os seus próprios aromas, os seus próprios cafés. Só não se esqueçam de uma coisa: sempre tenha um gato para ler contigo. Não há melhor ouvinte.

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