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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

FÉRIAS, TEMPO DE LEITURA


Períodos de férias têm dessas coisas. No início tudo bem, precisamos mesmo descansar. Depois. Ah, os depois! São eles que nos “emalucam” as ideias e o resto dos dias, esses que deveriam ser de puro ócio. Sem saber direito o que fazer, os pensamentos vão se fazendo sabidos dentro de nós – ou pelo menos tentam se saborear de outras maneiras.  
Eu mesmo. Outro dia, em um passeio combinado com a família (a grana nos programa os programas), fomos até a cidade de Soledade. Motivo: visitar a mãe de minha esposa. Sim, na casa de minha sogra (procurarei não fazer piadas disso, pelo menos vou tentar). Antes de ir, sabendo que passaríamos três dias, reuni alguns livros e pus junto a escovas de dente, roupas e afins. Levei quatro de meus favoritos. “O Idiota”, de Dostoievski; “O fim do ciúme e outros contos”, de Proust; “Contos de amor, de loucura e de morte”, de Quiroga; e, finalmente, um que há tempos andava escondido em minha estante, o “Como Apreciar a Arte”, de Armindo Trevisan. Abri um, li algumas partes de outros, explorei alguns prefácios e me decidi. O único que eu ainda não havia lido era o último deles, o do Trevisan. Folheei a primeira página e, vejam a surpresa, deparei-me com uma dedicatória muito bonita feita por um colega querido meu. Dizia o seguinte: “Ao amigo e mestre Dilso, repasso este, que para mim, é um livro, mas que para sua refinada sensibilidade, é um tesouro! Obrigado pela convivência de ontem, hoje e, se o futuro permitir, amanhã. Um Abraço.” Depois de um depoimento tão gentil e dedicado, não, não pude negar a leitura.
Dizem que escrever em livros que são nossos, não é vandalismo, alguns chamam de contribuição intelectual. Eu prefiro que seja um registro daqueles que fomos da primeira vez que os lemos. Lendo novamente, seremos visitantes daqueles que fomos. Assim foi. Peguei uma caneta e passei a observar cada período que me interessava. Não teve jeito, no terceiro dia, depois de horas e horas de puro prazer, percebi que o livro já estava todo riscado, riscos meus, palavras minhas que se misturavam às tintas do autor. Olhei, reli algumas e percebi uma beleza única, pois naquele momento soube apreciar uma obra que se misturava comigo. Lindo demais! Presente maravilhoso que quase esqueço, ironicamente, entre outras grandes vozes igualmente bonitas! Sorte que ele me viu e me trouxe junto com ele, ou eu o trouxe, não sei bem.
Indico com toda a alegria essa obra que, para mim, tem um sabor todo especial. Bom deguste! Eis uma boa leitura para as férias. Obrigado pelas vozes, Eduardo, fiquei mais rico! Presente maravilhoso que a rotina fez dormir –, mas que me acordou!



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