.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A CONDIÇÃO HUMANA



Nenhum pai pode ser mais feliz do que eu. Há algum tempo, absorvido por um livro que falava razoavelmente sobre as façanhas de alguns filósofos (tal obra enterrei junto ao corpo de Sofia, – um pequeno ser que dei o nome de Sabedoria, Sofia, Sabedoria... E que, aliás, foi o último livro que lemos juntos), comentei com minha filha sobre Hannah Arendt, uma filósofa judia que acompanhou o julgamento de Eichmann, um comandante nazista julgado pelo povo judeu em Jerusalém. Ele foi o responsável por enviar um trem lotado de pessoas para as câmaras de gases. Como minha pequena havia se empolgado com “A carta de Anne Franke”, também relato judeu, pensei que fosse gostar da novidade. Dito e feito, mais tarde a Eduarda se instrumentalizou, comprou, primeiramente, a obra, “A Condição Humana”. E, Como pai, claro, passei a adquirir todos os livros que encontrava da autora.
Pelo seu relato, os trabalhos (em uma disciplina de Seminário Aplicado à Educação, aulas ministradas somente aos alunos do Ensino Médio) não foram muito acreditados. Afinal, ninguém conhecia a escritora, nem de longe. Contudo, continuou mesmo assim, não para ganhar medalhas ou honrarias, mas para aprender a essência do que tanto atrai a atenção dessa menina: as injustiças praticadas na “Segunda Guerra”.
Condicionada à “Condição Humana”, ela seguiu. Trabalhava em seu quarto. Lia. Pesquisava, inclusive, na biblioteca pública (onde não existe material sobre Hannah) e acabou por concluir. Não sei bem o que pensou seu professor disso tudo. Sei que amei a peregrinação intelectual da moça, tanto que a conto por aqui. Sempre achei que deveríamos conhecer o mundo, mesmo os mais complexos, que são os mais simples no final das contas. Porque a simplicidade é que é complexa, acho!
Sim, creio que todos nós ganhamos com isso. Eu mais, uma vez que minha primogênita soube levar uma pequena inquietação minha para além das montanhas. Bem certo que não foi tão visitada em seu estande de apresentações, mas creio que o estranhamento com o novo sempre é natural. Afinal, Hannah Arendt, já em sua época, foi incompreendida como a pesquisa de minha menina, tudo por acreditar que julgar um homem por sua patente militar é o mesmo que condená-lo a não ser ele, e sim uma farda. Eis toda a banalidade do mal e a conclusão que chegou a Eduarda.

Enfim, só posso é indicar a leitura dessa filósofa, tanto que, lendo-a, não apenas tu refletirás sobre os flagelos de uma guerra cruel, mas sobre suas próprias lutas interiores para compreender, racionalmente, as atitudes de seu semelhante. Fica a dica! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Divida conosco suas impressões sobre o texto!