A rotina nos faz cegos. Vamos
escurecendo para os detalhes do mundo. Por quê? Ora, porque não somos mais
crianças, infelizmente. Elas sim, (as crianças) é que sabem de cotidianos,
saboreiam os detalhes e exploram cada cantinho das gavetas, mesmo as
abandonadas. Pois sim, “rotinar-se” e deixar as coisas envelhecerem – ah, meus
amigos! – isso é ‘coisisse’ de adulto!
Contudo, por um acaso que eu mesmo crio
(frequento muito as livrarias), encontrei um livro que soube ouvir bem essas
vozes adultas do nosso famoso “não-parar-para-apreciar”. Cronista; colunista de
jornais de grande circulação, tal como o ‘Zero Hora’; ex-publicitária; e autora
de várias obras de sucesso, Martha Medeiros trouxe as respostas que eu
precisava para afinar essa parte “grande” de minha vida infantil e dessa minha
escrita de eternidades breves.
“Felicidade”. 101 crônicas sobre: curtir
a vida; amor-próprio; família e outros afetos; e viagens e andanças. Publicado
em outubro de 2014, pela editora L&PM, já em sua 6ª edição, a obra nos traz
um pouquinho do compromisso descompromissado de uma escritora que olha para um
mundo onde nos esquecemos de olhar: aquela dobrinha, aquele cantinho, o meio,
que é o olho do furacão de tanta correria e afazeres que a vida moderna pede.
Em seus escritos nos deparamos com
frases do tipo: “É claro que não dá para beber champanhe como se fosse água
mineral, mas dá para a gente beber água mineral como se fosse champanhe. É só
uma questão de estado de espírito.” Ou ainda, “E podemos já estar transando há
anos e permaneceremos virgens diante de um novo amor.” E é justamente esse novo
olhar que pretendo mostrar, através desta indicação, para os leitores e amantes
do pensamento organizado, que é a escrita. As crônicas são curtas (geralmente
de duas páginas) e de palavras bem distribuídas. Ideal para saborear cada
reflexão, uma por manhã, se desejar. Se for assim, nos próximos 101 dias deste
ano, você terá motivos para acontecer o que já não acontecia: a desaceleração.
Enfim, doe-se para a Martha e deixe que
suas linhas te devolvam o que a pressa foi surrupiando pouco a pouco de teus
olhos.
Boa leitura!!!
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