Nada me inquieta tanto
do que as mulheres retratadas pela mitologia, história e literatura. Não é de
hoje que escrevo sobre isso. Revi muitas delas em algumas pesquisas que fiz
sobre o tema. Descobri – claro! – que ninguém veio da costela de alguém, muito
menos condenou toda a humanidade por uma simples mordida. A metáfora – acredito
– vem de algum símbolo que represente o sexo. Corte uma maçã ao meio e verá
duas genitálias femininas, uma no meio de cada parte da fruta. Acho que é por
aí que se pensou esse ‘pecado’ tão medonho.
A sociedade ainda
precisa aprender muito. Não há mais motivos para levarmos ao pé da letra essas
verdades. Correndo o risco de cometer algum crime atemporal, ou algo do gênero,
não concordo com tanta violência e indecência na forma com que os “poderosos”
homens tratavam e tratam suas mulheres. Porque dizem que enquanto gerados, lá
nos primeiros dias, todos fomos mulheres. Depois sim é que nos definimos como
um ou outro. O que explica nossos mamilos. São brotos que, se fossemos
mulheres, amamentariam outra vida. Nada no mundo é por acaso...
Vejamos na literatura:
Três nomes já me
tiraram o sono: Capitolina, Diadorim e Desdêmona. Leio-as sempre como capeta,
diabo e demônio. Nomes provindos da arquitetura de autores que não cometiam
excessos, respectivamente: Joaquim Maria Machado de Assis, Guimarães Rosa e
William Shakespeare.
Capitolina (a nossa Capitu)
foi uma vítima de um caso contado, unilateralmente, por um doente, um ciumento
que não acreditava em sim mesmo, o Bentinho (Dom Casmurro). Diadorim, disfarçada
de homem, fez com que seu amigo (Riobaldo) questionasse a própria “macheza” ao
se pegar apaixonado por ela, ou por aquela que acreditava ser um homem.
Desdêmona, por sua vez, causou a ira dos inimigos do mouro Otelo. Iago o fez
pensar que ela havia o traído. Fizeram-na um demônio.
Nossa! E as mulheres
sempre no princípio da causa. Seja abrindo uma caixa amaldiçoada, mordendo uma
maçã, ou sendo bonitas. No final da Idade Média elas eram, inclusive,
queimadas, não só por caprichos da época, mas pela figura atraente que
representavam. Muitas delas foram mortas por serem vistas como tentação do
capeta, do diabo, do demônio, como queiram. Explico: quando um padre ficava excitado
ao ver uma mulher (ele é humano), já punha a culpa nela, nunca nele. Vida
cínica esta!
Enfim, acho que as
coisas não mudaram muito. Espero que um dia mudem.
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