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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

MULHER: CAPETA, DIABO, OU DEMÔNIO?


Nada me inquieta tanto do que as mulheres retratadas pela mitologia, história e literatura. Não é de hoje que escrevo sobre isso. Revi muitas delas em algumas pesquisas que fiz sobre o tema. Descobri – claro! – que ninguém veio da costela de alguém, muito menos condenou toda a humanidade por uma simples mordida. A metáfora – acredito – vem de algum símbolo que represente o sexo. Corte uma maçã ao meio e verá duas genitálias femininas, uma no meio de cada parte da fruta. Acho que é por aí que se pensou esse ‘pecado’ tão medonho. 
A sociedade ainda precisa aprender muito. Não há mais motivos para levarmos ao pé da letra essas verdades. Correndo o risco de cometer algum crime atemporal, ou algo do gênero, não concordo com tanta violência e indecência na forma com que os “poderosos” homens tratavam e tratam suas mulheres. Porque dizem que enquanto gerados, lá nos primeiros dias, todos fomos mulheres. Depois sim é que nos definimos como um ou outro. O que explica nossos mamilos. São brotos que, se fossemos mulheres, amamentariam outra vida. Nada no mundo é por acaso...
Vejamos na literatura:
Três nomes já me tiraram o sono: Capitolina, Diadorim e Desdêmona. Leio-as sempre como capeta, diabo e demônio. Nomes provindos da arquitetura de autores que não cometiam excessos, respectivamente: Joaquim Maria Machado de Assis, Guimarães Rosa e William Shakespeare.
Capitolina (a nossa Capitu) foi uma vítima de um caso contado, unilateralmente, por um doente, um ciumento que não acreditava em sim mesmo, o Bentinho (Dom Casmurro). Diadorim, disfarçada de homem, fez com que seu amigo (Riobaldo) questionasse a própria “macheza” ao se pegar apaixonado por ela, ou por aquela que acreditava ser um homem. Desdêmona, por sua vez, causou a ira dos inimigos do mouro Otelo. Iago o fez pensar que ela havia o traído. Fizeram-na um demônio.
Nossa! E as mulheres sempre no princípio da causa. Seja abrindo uma caixa amaldiçoada, mordendo uma maçã, ou sendo bonitas. No final da Idade Média elas eram, inclusive, queimadas, não só por caprichos da época, mas pela figura atraente que representavam. Muitas delas foram mortas por serem vistas como tentação do capeta, do diabo, do demônio, como queiram. Explico: quando um padre ficava excitado ao ver uma mulher (ele é humano), já punha a culpa nela, nunca nele. Vida cínica esta!

Enfim, acho que as coisas não mudaram muito. Espero que um dia mudem.

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